O casamento húngaro

No dia anterior ao casamento, fomos levados pelo cunhado do Peter de Budapest à Székesfehérvar, uma cidade de 100.000 habitantes situada a cerca de 65 km da capital. A cidade é habitada desde do século V a.C e durante o período medieval, foi o local de residência da família Real.
Não tínhamos muito tempo para conhecer a cidade, apenas o período da manhã de sábado, portanto andamos apenas pelo centro medieval, uma viagem ao tempo, muitas bares e restaurantes com mesas pra fora. O tempo estava agradável e ensolarado, perfeito para um casamento.Muitas fotos. Um sorvetinho. Um banho de sol. Encontramos os amigos e fomos almoçar. Estava começando a esquentar mesmo, mas não reclamei nenhum momento! Estava perfeito.

Depois do almoço, hora de tomar banho. Uma sonequinha de 40 min foi importante para manter sem olheiras! Em 30 min coloquei o vestido, meia calça, maquiagem. Não penteei os cabelos não. Como deitei com ele molhados, meu cabelo ficou volumoso e com ondas ( na foto já diminuiu)! Só coloquei minha prisilha básica com strass e já estava eu pronta. Estava me sentindo bonita, mesmo com a cor apagada do vestido. Esperei um elogio do Bispo, e nada. Então resolvi peruntar: "E ae? Está bom?". Deveria ter ficado calada, sabe o que eu escutei "Está, mas está muito simples". Era a intenção, né, mas custava dizer que eu estava bonita! Enfim, nem fiquei chateada, estava me sentindo bonita, e isso que importa. Eu não queria um vestido chamativo, colorido e tudo mais, apesar de gostar mais, pois não queria chamar mais atenção que a noiva, e fazer igual uma menina de rosa choque que estava na festa! O vestido não era tão feio, na verdade era sim, tomara-que-caia curto com a saia balonê, e estava totalmente fora do contexto. Eu estava simples e elegante. E é o Bispo que gosta das coisas simples, não sei o que ele queria. 

Todos prontos as 16:00. Quatro taxis nos esperavam para nos levar ao casamento civil. Todos, ou melhor, a maioria, bem arrumados aguardávamos a saída. Apenas o marido da técnia do lab do Bispo estava usando sandálias com meias. Os outros 3 holandeses não vestiram nada de especial, roupa comum de algodão, meio riponga. Não etava feio, mas sei lá, eu adoro me arrumar quando tem ocasioes desse tipo. Enfim, eu estava com meu vestido novo, maquiagem, acompanhada pelo meu elegante namorado de terno de riscas e sapatos marrons. Acabei não usando saltos, mas coloquei meu sapatinho colorido que eu adoro (deveria ter colocado os saltos!)

A procissão pelo centro da cidade Medieval, seguindo os noivos e o sanfoneiro até a Igreja

Chegamos no casamento civil. Um lugar super bonito, bem decorado com lustres de cristal e piso de vidro nas laterais próximos as paredes, de onde se podia ver o jardim poucos centímetros abaixo. O salão era estreito, com 4 colunas de cadeiras de cada lado do corredor, com umas 23 fileiras no total. Logo os noivos chegaram, juntos, com dois homens atrás, os padrinhos. No "altar", do lado esquerdo, estava o juiz com uma faixa igual a de Miss Brasil, e do outro lado sentaram-se os noivos e os padrinhos. Um a um, depois de algumas palavras, incomprensíveis para nós, levantaram - se todos para assinar o livro. Acabou com o juiz saindo do salão de braços dados com os noivos em direção a igreja. Pelas estreitas ruas da cidade milenar um prossisão regida por um sanfoneiro, cuja função central era organizar os acontecimentos do casamento, seguido pelos noivos e todos os convidado.

Chegamos à igreja e todos os convidados entram, pegaram e seus lugares enquanto os noivos aguardavam.
A igreja com centenas de anos, cheirava madeira velha, muita poeira cobria as imagens sagradas, mas mesmo assim, a igreja mantinha seu porte e beleza. Entra primeiro o noivo com a mãe. Um padrinho. Duas daminhas de honra, uma meninas grande de uns 7-8 anos, e outra de 3 anos, sobrinha do Peter, ambas de vestidos azul claro, seguindo o Boolt, sobrinho do Peter, de 5 anos, carregando as alianças. Tudo muito rápido e eficiente. Logo, chega a noiva com véu sobre o rosto, vestindo um bolerinho de renda sobre o vestido tomara-que-caia. Cerimônia toda em húngaro, obviamente, mas deu para notar que era muito parecido. O juramento, o Pai Nosso e tudo mais. 

Finalmente casados, perante a lei e a igreja os noivos se encaminham para a entrada da igreja (ou saída, no caso), todos os convidados vão para fora para se preparar para jogar o arroz sobre os noivos. para desejar- lhes sorte. Assim, com o corredor formado pelas pessoas, os noivos saem da igreja e são recebidos con a chuva de arroz. O momento dos cumprimentos é agora. O corredor se desfaz e uma fila imensa se forma na frente aos noivos e um a um lhes dão os parabéns. Ninguém tirava fotos. Após todos desejarem o melhor aos noivos, as meninas se preparam para pegar o bouquet da noiva. Esta sobe alguns degraus da igreja, vira de costa e lança 3 pequenos bouquet para o aglomerado de mulheres. Desta vez eu não peguei nenhum. Tudo bem já peguei vários mesmo!

Hora de ir para festa. Chegamos ao local alguns minutos antes dos noivos e ali, do lado de fora do restaurante aconteceu as primeiras atividades da festa. Essas atividades vão provar que ambos tem habilidades para terem vida de casados. O mestre (o da sanfona) joga um punhado de arroz e a noiva tem que varrer e o noivo, segurar a pá para apanhar. Atividade concluída, é hora do noivo tirar a liga da noiva e jogar para o aglomerado de marmanjos, como se fosse o bouquet, mas para homens!
Finalizados todos entram no restaurante e cada um tem seu definido lugar.

Um prato com salgadinhos e muitas garrafinhas de bebidas, sucos, água, refri e vinho nos esperavam. Nos acomodamos e logo vieram os garçons com tequila, vodka, baileys, e dois outros tipo de shot. Provei todos! Veio em seguida a cerveja e depois muita comida, mas muita mesmo: sopa de entrada, um prato de massa parecido com nhoque mas com molho de carne de panela, que estava uma delícia. Achei que fosse esse o prato principal, mais aí chegou uma bandeija enorme com arroz, batatas, bisteca de porco, frango e outras coisas. Claro que não consegui comer nada, ja estava explodindo. Depois veio um prato cheio de doces coloridos, diversos bolos, ah e não posso deixar de mencionar a mesa de bolos (outros tipos além do bolo principal), frutas e cascata de chocolate. Passadas algumas hora, chega o bolo do casamento de 4 andares, cada um de um sabor diferente.

Ainda fiquei sabendo mais tarde, depois que fomos embora, teve outro jantar com churrasco depois das 2 da manhã!
Dentre as outras atividades para os noivos havia:
A noiva tinha que colocar sopa para o marido com uma concha furada. Enchido o prato, ela teve que dar comida na boca dele, tomando cuidado para esfriar direitinho. O mesmo foi feito pelo noivo!
Mais tarde, o mestre entregou velas para todos os convidados e estes fizerem um círculo no salão para a noiva dançar com pai segurando uma vela. Em seguida chega o noivo com outra vela, mas apagada, acende a dele com a chama da vela que a noiva estava segurando e depois apaga a vela dela, e só mantem a dele acesa e assim, ele tira a noiva para dançar. Dançam por toda a roda apagando as velas dos convidados!
Um pouco antes de irmos embora, os noivos desaparem e de repente a noiva chega com um vestido diferente, um vestido vermelho vinho, de camponesa medieval, com aquele aventalzinho branco, corpete apertando os seios e uma blusinha branca por baixo. Eu sou fã desse tipo de vestido, quase comprei um pra mim na Oktoberfest em 2008, mas era muito caro! Continuando, agora todos os convidados teve que pagar uma quantia qualquer para dançar com com a noiva.  O dinheiro, dentro de um envelope é colocado num calderão. Seria nossa hora da gravata no Brasil.
Muitas atividades se sucederam mas fomos embora por volta das 2 da manhã.
Comi bastante, dancei muito.
As músicas tocadas pela bandinha de duas pessoas era quase todas nacionais, como se fosse um forró, quadrila, sei lá, mas era animado!!
Me diverti muito! Casamento húngaro é super animado! Estão de parabéns!