As 5:30 da manhã depois de dormir apenas 3 horas acordei para pegar o trem das 6 para Amsterdam e fazer meu curso sobre Biosegurança no trabalho.
Cheguei as 8:40 e fui procurar a sala, demorei um pouco para achar pois era num lugar no subsolo, onde apenas funcionários tem acesso, sabe aqueles lugares da saída de emergência do cinema? Pois então, tinha sensação que eu não poderia estar ali. Mas realmente era lá!
A sala era coberta com cartazes de sergurança, alarmes, extintores de incêndio, sinais, havia um esqueleto humano em uma das pontas da sala, e na outra ponta uma porta que dava para o fora do prédio.
Para todos os alunos e funcionários novos, esse curso é obrigatório. Pensei que fosse a coisa mais chata do mundo, mas me surpreendi. Foram dois dias de curso, das 9-12h na terça e das 9-15h da quarta. Diversos palestrantes vieram conversar com 15 novos alunos. A primeira palestra foi sobre os problemas de saúde que os reagentes químicos de laboratório podem causar, como câncer, infertilidade, etc. descobrimos onde achar as informações sobre os efeitos de cada reagente. Depois teve um aula sobre radiação, que foi totalmente useless para mim, ainda mais que foi a ultima aula e eu estava morta.
No dia seguinte, começamos o dia aprendendo sobre como descartar reagentes químicos, o que fazer com o lixo do laboratório etc. No lab aqui tem 6 diferentes tipos de lixos: um lixo normal para coisas não tóxica, como resto de comida; outro lixo para coisas contaminadas com material biológico; outro para papel; outro para papelão; um para vidro; outro para qualquer coisa suja com reagente químico. Ai de você se jogar coisa em lixo errado!
Também vimos onde descartar cada reagente, há um galão para colocar ácidos, outro para bases, outros para solvente orgânico, outro ainda para inflamável etc. E nada de jogar coisas na pia! Por ano são feita 3 analises da água para checar metais pesados, e outras coisas, se tiver algo de errado com a água que sai daqui, o AMC tem que pagar um multa caríssima.
Ah, um detalhe, por dia o AMC produz 80 toneladas de lixo. E por ano são gasto 300 milhões de euros para dar um fim ao lixo.
A parte da tarde do último dia foi prática, isso mesmo! Primeiro aprendemos sobre os tipos de extintores de incêndio, o triângulo do fogo, aquelas coisas básicas que vimos na 4a. série, mas enfim, o tiozão era muito engraçado e valeu a pena escutar tudo de novo. O tiozão que deu o curso, acredito eu, era do corpo de bombeiros do AMC, que tem um brigada de 15 bombeiros aqui dentro. Depois fomos apagar o fogo. Do lado de fora foram simulados diferentes tipos de fogo: com gás, com parte elétrica e sobre óleo. Um por um tinha que pegar o extintor, testar, ir caminhando agachado até o fogo e apagá-lo! Foi bem legal!
Para minha surpresa o AMC tem um espaço enorme que simula o hospital, com laboratório, berçario, cozinha, quarto de paciente e a ultima prática foi lá. O alarme de fogo foi acionado e tinhamos que descobrir onde era o fogo, apagá-lo e salvar as pessoas. O fogo era de mentira, a fumaça era de gelo seco, mas deu para fazer uma bagunça. Entramos 3 pessoas para achar a sala com fogo, os outros foram procurar vítimas, e reagatá-las. Havia vários bonecos espalhados pelas salas. Tinhamos que ligar 88 para chamar ajuda e avisar do incêndio! Foi bem divertido!
Deveríamos ter um curso desses nas universidades no Brasil, não sei nas outras, mas na Unicamp e Unesp onde trabalhei, não tinha nada parecido. Muitas vezes os alunos não sabem com o quê estão mexendo, não sabem o que fazer em caso de emergência. Seria importante tanto para segurança pessoal quanto do local. Depois do incêndio no Butantan, antes de saber o motivo, o Bispo falou assim "pergunta se tinha algum aluno de iniciação (alunos de graduação que fazem estágio em laboratório de pesquisa) antes do incêndio começar!". Foi uma brincadeia, mas aluno novo é assim, faz mil coisas erradas e um dia pode finalizar em incêndio. Não foi o caso do Butantan em São Paulo.
Muito bom Roberta,adorei,nós que trabalhamos na universidade,vejo muita coisa errada no lab.No I.B,teve uma palestra à um mês, e não era nada obrigado.
ResponderExcluirNós precisamos de um curso assim para todos.
Beijos