quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Pomerode, SC

Minha falta de entusiasmo com o blog, com a vida no geral, fez eu negligenciar vários eventos bacanas e lugares legais que visitei. Tentarei me redimir, será que consigo?
Bom, em setembro fui a dois casamentos, vou contar do primeiro, em Pomerode, Santa Catarina.

A Cidade

Essa cidade está localizada próxima a Joinville. Recebeu muito imigrantes alemães no final do século XIX, principalmente da região conhecida como Pomerânia, ao Norte da Alemanha e Polônia. Pomeranos nem se consideram muito alemães, pois eram descendentes de um povo germânico e eslavo, só depois do século XII sofreram germanização de seu idioma e costumes. Quando chegaram ao Brasil, não se consideravam alemães, mas com o passar dos anos, perceberam que eram mais parecidos com os alemães do que imaginavam. Esses imigrantes cultivavam na região arroz, batata, fumo, feijão e criavam animais. No séc. XX instalaram algumas indústrias e a mais famosa delas é a fábrica de porcelana Schimidt. Com a II Guerra Mundial, o então presidente Getúlio Vargas,  após declarar guerra à Alemanha, proibiu o uso da língua no país, a construção de casas com arquitetura germânica e a manisfestações culturais alemães. Isso afetou as colônias alemães que acabou se abrasileirando.
Mas segundo uma pessoa da cidade com quem conversamos na cidade, a miscigenação é um dos maiores problemas da cidade. Palavras dele, sem exagero! Nazista? Não posso afirmar, mas que ele deu a entender que  raça pura alemã, sem misturas era melhor para cidade, ah isso ele dexou bem claro!
Por conta do histórico da cidade, 90% dos habitantes são descentes dos Pomeranos, e portanto,  são bilingues. Há muitas construções germânicas e comida típica alemã! humm uma delícia!!Vela a pena visitar sim!




A Pousada

Ficamos num pousada nova e bem aconhegante, chamada Dein Haus. A casa foi casa moradia do dono da fábrica Schmidt, uma construção da década de 50. Como era nova, móveis dos quartos e roupas de cama e banho eram bem novinhos, tinha o melhor jogo de cama e toalha que eu já usei em Hotel/pousada!! Brancos impecáveis, macios e cheirosos! Uma delícia! A decoração era rústica e elegante. Na sala de estar havia uma lareira, uma TV gigante que passava um show de música alemã, meio que folclórica, na Holanda aquele tipo de música era bem comuns nas manhãs de domingo na TV! A pousada tinha um belíssimo jardim e um ofurô, valeu a pena, apesar do problema da miscigenação











O Zoológico

Saímos de Campinas na sexta feira do feriado do dia 7 de setembro às 8 da manhã  e chegamos em Pomerode às 8 da noite (por conta do trânsito infernal na Rod. Regis Bittencourt). No sábado a noite seria o casamento e no domingo, já prevendo o mesmo trânsito da ida, reservamos o dia todo para volta, portanto, nos restou o dia de sábado para conhecer a cidade. Quase a maioria dos convidados que vieram de Campinas eram biólogos, pois o noivo se formou em Biologia. Os que não eram biólogos, eram as esposas de alguns dos biólogos, mas de área correlata como enfermagem e educação física. Como nós biólogos éramos a maioria, que lugar melhor que um zoológico para um biólogo se divertir? Talvez um aquário, um zoológico dos animais aquáticos!
Enfim, fomos conhecer o Zoo de Pomerode. 
Foi uma facadinha de caro, acho que 25 reais, não me lembro, mas o valor foi bem pago, pois o zoo me surpreendeu! Havia muitos mamíferos de grande porte (que devem comer pra caramba e gastar horrores com alimento pra eles) como ursos (uns 4), onças (umas 5), hipopótamos, leão, zebra, girafa, elefantes (2), mamíferos de médio porte como lobo-guará, pinguins, inúmeros macacos (credo! já falei alguma vez que odeio macacos??) muitas aves, répteis etc. A variedade de espécies era bem alta! Adorei! Foi uma tarde bem gasta passeando e fotografando os animais!





























 O Casamento


O casamento foi bem divertido, dançamos até morrer! A comida super abundante, fiquei impressionada. Nunca havia ido em casamento com tanta comida, sério, tinha frando, carne de vaca, de porco, strogonoff,  muitas saladas, muitos tipos de batatas , sobremesa a doidado e quase no final eles montaram uma mesa de café com muitas cucas (torta típica da região).

Nós, amigos do noivo, que fizemos a festa desse casamento! Não tinha música que a gente não dançava. A banda tocava sem parar e morria de rir da gente dançando! E como sempre fomos os últimos a sair!



domingo, 25 de novembro de 2012

Encontrinho


Ontem fizemos nosso encontro anual de blogueiras em Campinas!
Foi uma tarde tão agradável, conversamos bastante, trocamos experiência, ensinamos e aprendemos!
Ter blog não é apenas escrever sobre o que gosta,  é dividir experiências, é conhecer pessoas novas e fazer novas amizades!
É por isso que adoro ter um blog!
Adorei os mimos meninas, vocês são muito telentosas, caprichosas e de muito bom gosto!

Mimo da Fabi

Mimo da Elza

Mimo da nossa seguidora Li Spina



sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Loja Virtual Empório Maria Exibida



Dentre os empreendimentos que iniciei este ano está a loja virtual Empório Maria Exibida, uma loja virtual para nós mulheres que gostamos de coisas diferentes, exclusivas, que gostamos de estar da moda mas também não ficar igual a todo mundo. Fala verdade, quem não gosta de escutar algo assim "que linda sua bolsa, onde você comprou?" ou "que lindo seu colar, que diferente!"?. Eu adoro! Foi com essa inspiração que eu e Cacá do blog Balaio Fashion, criamos o Empório Maria Exibida.
Ainda somos novas nesse mundo do e-commerce, mas nossa lojinha até que está bonitinha!
Dá uma passeada por lá e confiram nossas ofertas especiais de hoje, Black Friday!
Se gostar e puder, curta nossa página no Facebook e nossa lojinha também!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

A Umbanda


Desde pequena eu sempre gostei de passear. Minha mãe fala que quando alguém me chamava para sair, para ir na casa de alguém, ou mesmo ir à padaria, eu me arrumava rapidinho e dizia "Estou pronta". Sempre estive pronta para sair, para passear para conhecer pessoas e lugares.


Uma vez, lembro que minha tia me levou a uma casa bem simples, com um quintal grande, de terra batida, e tinha muitas pessoas vestindo branco. Elas cantavam, dançavam. Era bem divertido, eu adorava.
Depois de adulta, durante minha turbulência e inquietação, acabei chegando a um centro de Umbanda, perto da minha casa. Lá senti um cheiro familiar, um incenso forte, as pessoas vestiam branco também, cantavam músicas e de repente eu estava cantando com elas, sabia todas as letras:

"Eu vi mamãe Oxum na cachoeira,
sentada na beira do Rio
Colhendo lírio, lírio ê, colhendo lírios, lírios a,
colhendo lírio para enfeitar nosso congar"

Percebi que o ambiente era familiar, e veio a memória de minha infância com a tia Cleusa e me dei conta que já tinha ido em terreiro de Umbanda ou Candomblé, não sei ao certo. Provavelmente foi terreiro de candomblé, mas ainda não sei e não vou saber tão cedo, pois tia Cleusa não está mais entre nós. Na verdade não importa mais.

Quando eu tinhas meu 23 ou 24 anos, quando passava por uma turbulência emocional, foi lá no Centro de Umbanda que recebi ajuda, foi lá que meu coração foi acalmado, foi lá que recebi conselhos valiosos.

As religiões que trabalham com espíritos são vista com olhos tortos pela sociedade em geral. Para uma pessoa ignorante (no sentido literal, de não ter conhecimento) a Umbanda é sinônimo de macumba, que é a mesma coisa que candomblé. Para muitos espíritas, que teoricamente são estudados, tolerantes e abertos, a Umbanda é uma religião primitiva, que se baseia em espíritos não evoluídos, e na verdade se recusam a falar e aceitar os rituais umbandistas. Digo isso pois já presenciei tais palavras. Na minha opnião o preconceito, seja ele religioso, sexual, racial, é devido ao medo do desconhecido, e à falta de informação. Os pré conceitos que escuto sobre a Umbanda é porque a pessoa não tem ideia do que se trata. E é por essa razão que resolvi falar sobre a Umbanda hoje. 

Tentarei aqui esclarecer alguns tópicos importantes, tirar alguns preconceitos e mostrar um pouco dessa religião tão rica, tão bonita que é a umbanda, e numa outra oportunidade, falarei do candomblé, religiões diferentes, mas com alguns princípios semelhantes.

A umbanda é uma religião totalmente brasileira, talvez a única. Foi iniciada pela mistura dos rituais de cultos de religiões africanas, indígenas  e a católica.

A origem

Negros de diversas tribos na África eram capturados e vendidos para fazendeiros em colônias portuguesas, inclusive no Brasil, para trabalharem primeiramente nas fazendas de cana de açúcar (engenhos) e, posteriormente, em plantações de café Brasil. Para evitar rebeliões, já que quase sempre os escravos eram maioria, os senhores misturavam negros de nações diferentes para dificultar a organização, impedida pela barreira dialética. Era uma mistura de costumes, tradições e religião. Além disso, os negros eram considerados povo pagão, assim como os índios, portanto os jesuítas estavam decididos a catequizá-los, e aqueles que não se convertiam eram punidos com violência. Para continuarem com seu rituais, adaptaram seus deuses aos Santos católicos (evento chamado de sincretismo religioso) e, assim, apesar da diversidade religiosa, os negros se unificaram pela religião, algumas divindades foram esquecidas, outras foram unidas, e assim surgiu um novo ritual. Como era impedidos de realizarem qualquer atividade religiosa dentro das senzalas, os escravos iam para as matas no meio da noite. Naquela época os negros já tinham a simpatia dos índios, tanto pela semelhança da cor da pele, quanto pelo sentimento em comum contra os brancos. Pela convivência entre negros e índios, houve troca de conhecimento, junção de rituais, cultos aos espíritos da natureza dos índios e o culto aos Orixás dos negros.

Os Orixás

Orixás sãos os deuses africanos. Deuses não são humanos, nem espíritos, é uma força, uma energia maior que atuam sobre a natureza, sobre o planeta e são manifestados pela própria natureza, assim, são divididos em quatro grupos principais terra, água, fogo e ar. Encontramos, portanto, Orixás  das matas, do mar, dos rios, etc. E como somos parte da natureza, nossas vidas são influenciadas pelos Orixás também, assim, surge os arquétipos. Do grego ache: principal e tipos: impressão, marca. Por exemplo, quem é filho de Oxum, tem determinadas características como determinação, competitivo, impaciente entre outras, como se fosse as características dos signos do zodíaco. Para saber mais clique aqui.

Devido ao sincretismo religioso, os Orixás estão associados aos Santos católicos, que varia dependendo do estado brasileiro, por exemplo, Oxum é Nossa Senhora da Conceição no Rio de Janeiro, Oxalá é Jesus Cristo no Paraná, Iemanjá é Virgem Maria no Paraná, Oxossi é São Jorge na Bahia.




Exus

           Os Exus não são Orixás, são espíritos que já viveram na Terra e que se desviaram do caminho do bem, cometeram vários crimes, mas agora se arrependeram e querem continuar sua evolução espiritual e, para isso, trabalham com a prática da caridade. Talvez por isso são associados erroneamente ao mal. Nos centros de Umbambas podem incorporar nos médiuns (Gira de Exus) para o atendimento do público dando conselhos, resolvem problemas pessoais etc. ou ainda podem ser trabalhadores dos Pretos Velhos durante a Gira de Pretos-Velhos, ou outras giras, para a abertura dos caminhos, proteção dos terreiros contras espíritos do mal, proteção dos médiuns. São guardiões e por isso são espíritos sérios, de palavra, geralmente usam uniformes de soldados e tem aparência intimidadora, tudo para combater o mal. Vão a locais pesados, de grande energia negativa, para desfazer trabalhos, resgatar espíritos sofredores etc.
Recomendo a leitura do livro “O Guardião da meia-noite” de Rubens Saraceni para entender um pouco mais sobre os Exus e tirar os preconceitos que ainda possa existir.

Pretos –velhos

São espíritos extremamente evoluídos que em uma de suas encarnações, foram escravos e viveram em Senzalas. Mas já viveram como médicos, filósofos, ricos, sacerdotes, magos mas preferem se apresentar com a roupagem espiritual de velhos negros para ensinar a humildade. São amorosos, não intimidam como os Exus, curam, ensinam e educam as pessoas com toda a paciência do mundo. Não vão fazer milagres, vão dar conselhos valiosos. Conhecem profundamente a magia branca, as forças da natureza.
São mestres da sabedoria e humildade. Quando incorporados, o médium fumam cachimbos, falam pausadamente com sotaque peculiar.
Há muito para falar dos pretos velhos, para saber mais clique aqui.



A Umbanda de esquerda e de Direita

Totalmente enganados está aquele que pensa que um linha faz o bem e outra faz o mal. Ambas tem o mesmo objetivo ajudar ao próximo, fazer o bem. A diferença está nas entidades, nos espíritos, que incorporam e trabalham nas sessões. Por exemplo, no centro de Umbanda que fui, havia os dias de Esquerda e os dias de Direita. No dia de Umbanda de Esquerda, eram os Exus e Pombas Giras que vinham atender ao público, e nos dias de Direita eram os Pretos-Velhos. A diferença é que os Pretos-Velhos são mais evoluídos espiritualmente. A diferença era nítida, os pretos velhos são amorosos, bonzinhos, meigos, os Exus eram mais objetivos, bravos, sérios, os dois ajudam, fazem o bem.

O Culto

Como só fui a um centro de Umbanda, vou falar um pouquinho de como é o ritual nesse centro, pois varia de centro para centro. Os trabalhadores da casa se vestem de branco, cor da paz e tranquilidade e ficam descalços, simbolizando a humildade. Recomenda-se as pessoas irem de branco também e com roupas que cubra os ombros e as pernas, em sinal de respeito.
O salão todo é pintado de branco  e  é dividido em 2 partes, uma onde o pai de santo fica juntamente com outros médiuns (os cavalos) e a outra parta ficam as pessoas que vão buscar ajuda, auxílio para suas aflições, problemas ou enfermidades. Há cheiro de incenso no ar bem característico.
Inicia-se os batuques e uma pessoa puxa o cântico. Isso faz com que as pessoas parem de conversar e de pensar sobre os problemas que as afligem, todos pensam as mesmas coisas, cantam a mesma música, falam a mesma coisa e o ambiente é assim harmonizado.

Após umas 5 músicas mais ou menos, inicia-se a "incorporação" dos médiuns com os espíritos do dia. Quando é a Gira dos Preto-velhos, percebem que os médium ficam com aparência de velhos, idosos, andam encurvados com bengalas. A palavra incorporação é mal empregada, pois ninguém toma o corpo de ninguém, o que acontece é que o espírito desencarnado se aproxima do médium, e este transmite as palavras, as características do espírito. Mas mesmo assim vou usar esse termo para facilitar.
A maioria dos médium da Umbanda são inconscientes, ou seja, não lembra de nada que o espírito falou por seu intermédio, ou fez. Muitas vezes eles fumam, bebem cachaça e não se embriagam, muito menos se lembram do que disseram. É um evento complexo que me faltam palavras pra explicar como ocorre. Mas acho que deu para entender mais ou menos, ou não?.
O espíritos que vão lá "incorporar" pode ser de diferentes falanges (grupos), por exemplo, há dias da semana que os trabalhos são feitos pelos Preto-Velhos (Gira de Pretos-velhos, linha da direita) e outro dia da semana Exus (Gira, de Exu, linha de esquerda). Há também o dia dos Baianos, caboclos, crianças, etc.
Vou usar a Gira dos Pretos-velhos como exemplo.
As pessoas antes do trabalho pegam um senha para se consultador com o Preto-velho de sua preferência. Depois da incorporação, os pretos velhos fazem seus trabalhos espirituais e depois começam os atendimentos ao público. Os pretos velhos são como psicólogos, dão conselhos, acalmam os corações aflitos e indicam algum chá, algum banho para amenizar a enfermidade ou angustia que a pessoas estão sentindo.

Há muito que se falar sobre Umbanda, meu intuito aqui é dar uma visão geral, tentar tirar alguns preconceitos. Para saber mais recomendo pesquisarem em outros sites, mas tenham sempre o senso crítico, pois tem muita besteira por ai. Fonte boa são os livros do autor Robson Pinheiro como o “Sabedoria de Pretos-Velhos”. Recomendo o site de um centro/terreiro de Umbanda do Paraná http://www.terreirotioantonio.com.br/ 





sábado, 17 de novembro de 2012

Nova cara

Minha dedicação e animação com o blog voltaram! Por tanto tempo ele ficou abandonado, coitado! Até tentei dar uma cara nova para ele.
O que acharam?


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Uma nova vida



Admito que estava sem ânimo para escrever. Escrever sobre o quê? sobre meus fracassos nos concursos que prestei? Sobre minha busca por empregos? Pelas entrevistas mal sucedidas? Ninguém quer falar dos fracassos, ninguém quer escutar lamentações.

Foram meses de angústias, tentando dar um rumo para minha vida, tentando saber qual meu destino. Não tinha mais vontade de escrever no blog, nem de pintar, nem de fazer mais nada. Era difícil dar um rumo para vida quando você tem dúvida do que quer. Minha frustação com a ciência, com a pesquisa ainda estava lá. Mas mesmo assim mandei um projeto de pesquisa para a Fapesp (agência de financiamento de pesquisa no estado de São Paulo), mas veio o primeiro baque: um não bem dado, com direito a justificativa mal dada, dizendo que meu currículo e do supervisor não era bom, dizendo que o projeto não era original, e outras mil coisas. Chorei. Superei e parti para próxima. 


A próxima era o concurso para professor substituto de Bioquímica na Unicamp, no Departamento em que estou trabalhando. E como a Fapesp não permite dar aulas ou exercer qualquer outra atividade remunerada, achei que foi um foi até bom não ter conseguido a bolsa de pós doc, pois poderia dar aula e ter experiência didática, item está faltando no meu currículo.

Semana seguinte ao baque número um, veio o baque número dois. Num concurso com dois candidatos e eu não passei. Foi um concurso caseiro, com as regras pouco claras e com falta de seriedade e ética. Chorei, chorei horrores, estava decidida abandonar essa vida ingrata, não queria ir nunca mais para Unicamp, não queria mais ser professor, não queria ser mais nada. Sai atordoada Unicamp depois do resultado, mal enxergava, fui direto para a casa da minha mãe. A chamei no portão já aos prantos. Chorei sem parar, soluçava, havia anos que não chorava assim. Chorei toneladas e dormi. Fui para casa e decidi nunca mais ir para Unicamp. Enquanto isso recebia e-mails de amigos e professores dizendo para eu não desistir, para ter forças que fui bem no concurso apesar de tudo. Acho que o que mais doeu foi eu ter recebido nota mais baixa no currículo que a outra candidata, que não tinha nada. O currículo media o desempenho como pesquisador, quantos artigos foram publicados, enfim, eu estava com 7 ou 8 artigos e a outra candidata tinha 4 ou 5. Ai sim que ficou claro que não era para ser pesquisadora mesmo. Foi fod#, eu pois a vida inteira estava decidida ser professora pesquisadora, ser cientista, tracei o rumo da minha vida para isso. Ai, chego aqui e tudo me diz o contrário. Comecei a pensar em outro objetivo, em outro rumo, ai chorava mais.
As pessoas não se cansavam de me dizer que a  vida é assim mesmo, que é difícil, que não podemos desistir, que coisa melhor ia aparecer para mim, que não era meu destino e tudo que vocês podem imaginar para cheer me up. Mas não adiantava.
Pensei seriamente em abandonar tudo, em fazer alguma coisa totalmente diferente do que fiz até agora. Mas ficava pensando será que seria feliz, realizada nessa nova atividade.

Minha dúvida era interna, será que meu destino era ser mesmo pesquisadora? Será que é isso mesmo que vim fazer nesse planeta? Se realmente esse é meu papel aqui, por que minha bolsa de pós doc foi negada? Por que eu não passei em nenhum concurso? Por quê? Por quê? Até prestar vestibular eu pensei! Quem sabe fazendo engenharia de qualquer coisa eu arrumaria um emprego.
Estava em constante conflito existencial, mas isso não me deixou imobilizada, não me impediu de fazer outras atividades.

Depois de 2 semanas pensando, ergui a cabeça e comecei meu novos projetos. Depois de vários conselhos dos meus professores, mandei uma carta para Fapesp pedindo reconsideração para o meu projeto, uma cartinha justificando que o assessor estava sendo muito rigoroso que eu daria conta do projeto e tal. Mas também desencanei desse projeto e segui com outras coisas. Fiz de tudo um pouco. Vendia adesivos para unhas, cosméticos e perfumes do O Boticário, abri uma loja virtual o Empório Maria Exibida, fiz pães caseiros (que aliás são uma delicinha) e por fim, até trabalho com fotografia!

E dia 13 de novembro, às 18 h recebi um e-mail que me deixou nos céus dizendo: Sua bolsa de pós doutorado foi aprovada!!!
Comecei a pular, a gritar, abracei minha mãe, meus irmãos que estavam comigo naquele momento. Foi algo inesperado, me pegou desprevenida, achei que o resultado sairia após o feriado e já nem tinha mais esperanças. Já estava investindo em outras coisas. Mas saiu! Tenho 2 anos de bolsa de pós doutorado da agência de fomento mais top do Brasil!

Agora tenho mais 2 anos para melhorar meu currículo e passar num concurso para professor universitário e ter um filho. Sim! Agora com bolsa, podemos pensar em ter filhos, pois nessa vida nossa de incertezas, 2 anos de certeza é bastante lucro!

E nesse período aprendi várias coisas a ter paciência, a investir em inovação, em desenvolver criatividade, a erguer a cabeça e superar frustações. Pude sentir o carinho das pessoas, a confiança que eles depositam em mim, o amor do meu marido, da minha família e amigos para ajudar a superar essa fase. E uma frase do Bispo que me fez pensar direito: Eu vejo que você fica muito feliz quando as coisas no lab dão certo, acho que você não deveria tentar mais um pouco.
  
Rezei, rezei muito para ter forças, para me mostrarem se eu estava no caminho certo. Agora tenho a resposta e mais uma chance.








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