domingo, 1 de setembro de 2013

A vida por um fio

Foi tudo muito rápido. Estávamos voltando de um jantar com um amigo. Bispo bebeu uma cervejinha e pediu para eu dirigir. A contragosto, peguei o carro e nos dirigi para casa. Uma noite agradável. O marido carinhosamente mexia no meu cabelo enquanto dirigia. Paramos num semáforo. Era 10:57 da noite. De repente escuto um barulho na lateral do carro. Vejo uma moto com dois caras. No susto, tentei sair com o carro. A moto desequilibra e o garupa cai, só vejo a arma apontada para minha cabeça pelo vidro da frente do carro. Parecia que via o futuro: vi a bala saindo da arma e vindo em minha direção. Neste momento, percebi que não ia arriscar nossas vidas, Bispo joga a mochila dele pela janela, mas o sujeito da moto não se interessa, começa a tentar abrir a porta do carro, mas estava travada. Bispo sai do carro e pede calma, dizendo que eu estava grávida. Não havia mais jeito, não tinha como fugir, saí do carro, não sei como desprendi o cinto de segurança e abri a porta. Mas saí, e fui puxada pelo rapaz, de uns 20 e poucos anos, moreno, magro com cara redonda. Pedi calma para ele, pois estava passando mal, ele entrou no carro e saiu em disparada.
No meio da rua, no meio da noite, ficamos ali parados, deitei no chão chorando. Não tinha forças, não conseguia digerir o que tinha acabado de acontecer. Um susto. Uma descarga de adrenalina. Um terror.
Houve uma batida atrás de nós, uma confusão no semáforo, todos passavam e olhavam. Uma alma boa, de bom coração, parou e nos deu carona. Eu não parava de chorar. Ela ia buscar sua filha numa festinha, que por sinal era do lado da nossa casa. Mas estávamos sem chave. Por azar todas nossas chaves estava no carro, dentro da minha bolsa com meus documentos, meu primeiro ultrassom com a primeira fotinho do nosso babynho. Tudo se foi. Mas os meus maiores bens ficaram, nossas vidas, graças a Deus. A senhora da carona morava perto da casa da minha mãe. Ela nos levou até lá. Pela internet, rastreamos o celular do Bispo que estava no carro, sabíamos o nome da rua onde se encontrava. Ligamos para polícia, disseram que mandaram policiais para o local. Bloqueei tudo que consegui por telefone, cartões, chip de celular. Fomos para delegacia fazer boletim de ocorrência. Lá encontramos um rapaz que estava atrás de nós durando o acontecido, ele disse que estava indo de delegacia em delegacia nos procurando, pois depois que fomos assaltados, ele seguiu o cara em fuga, ligou para polícia enquanto o perseguia, mas chegou um momento que não pode mais seguir.
Sei que estávamos muito protegidos e amparados naquele momento e agradeço muito por isso.
Passou, foi tudo muito rápido, por segundos não perdemos a vida por um motivo idiota, um carro.


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