segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Saga para Amsterdam

Só de pensar que tinha que voltar para Amsterdam para pegar o trem para Berlin, já dava preguiça. Se tivesse que trocar de trem um milhao de vezes e demorar 6 horas para chegar lá ia ser um saco. Mas fazer o que, a viagem inteirinha estava programada, se nao fossemos para Berlin no dia 24 de janeiro, perderíamos a reserva do hostel, chance de perder o voo para Veneza, ou seja, efeito bola de neve, literalmente heheheh.

Lá fomos nós para amsterdam. Estava indo tudo bem no trem, até chegar em Zwolle, lá tivemos que trocar de trem e a bagunça começou, acabamos indo para Utrecht, mas não foi tão ruim quanto imaginávamos. No trem até Zwolle, eu fiquei perto de uma porta com as malas, e o Bispo em outra porta com a outra metade das malas. Eu estava tranquila, apreciando a paisagem embranquecida, e morrendo de frio a cada vez que o trem parava e abria a porta para novos passageiros entrarem. Para não ficar sozinha, fui lá visitar o bispo no outro vagão. O papo corria solto entre ele e um tiozinho super figura. O tio tinha uns 60 anos de idade, cabeça com poucos fios de cabelos, coberta com um gorro listrado. Ele carregava consigo um mochila, daquelas de viagens. Figurassa.

O tiozinho contava muitas coisas interessantes sobre a Holanda. Ele disse que a neve protegia o pasto, pois se naão tivesse a camada de neve fofinha por cima, a grama ficaria queimada pelo frio e não estaria boa para os animais, por isso que víamos pelo caminho as ovelhas cavando na neve para comer capim. Ele explicou também porque o sistema de trens na Holanda entrou em colapso com a neve (acho que eu já expliquei em algum post anterior).

Descemos em Zwolle, fomos para Utrecht, e o tiozinho nos acompanhando, contando suas histórias. A filha dele já tinha ido para o Brasil, viajou pelo amazônia, nordeste e quando voltou para Holanda, trouxe um gato selvagem. Foi o maior trabalho trazer o gato, por causa de doenças, legislação, mil burocracias, chegando aqui, gato que não estava acostumado com carros, trânsitos, foi atropelado.

Também falou que vai ter eleições para prefeito de Groningen e que até os estrangeiros poderão votar, pois eles (nós) fazemos parte da sociedade. E assim o assunto foi direcionado para política. Em um dos trens, que já não me lembro mais qual, ele começou a contar de um ministro, ou sei-lá-o-que, que era extremista, que queria cobrar impostos de mulçumanas que usavam véu na cabeça, por ser uma poluição visual no país. Essa hora já estava com o pensamento longe, não acompanhando mais a conversa, quando de repente, um cara do nada vira para o Bispo e fala assim: "don't believe in what he's saying, it's bullshit". Tudo que o tiozinho estava dizendo era tudo besteira, não era para acreditar nele, pois esse cara, que eu não sei o que ele é, é comparado com Hitler por uns, mas para outros é o salvador, que a história tem dois lados e tal. E a discussão começou. O trem lotado, duas mulçumanas acompanhando a conversa, o tiozinho e o cara discutindo. Bispo com sorrizinho amarelo eu morrendo de medo de uma briga corporal. Mas estávamos na Holanda, tudo ocorreu bem, sem maiores danos. Achei muito legal a discussão política de desconhecidos no meio de um trem lotado.

Conseguimos chegar em Amsterdam até as 13 hs do dia 24 de dezembro. Mas não era apenas chegar em Amsterdam. Nosso trem para Berlin era as 19 h, o plano era deixar as malas na estação e sair para passear pela cidade até o horário do trem. Ah, além disso, tínhamos que arrumar um lugar para deixar as malas que iriam voltar para o Brasil e não iria nos acompanhar na viagem.
Abrindo um parênteses, a Silvana, conseguiu encher duas malas de porte médio só com coisas para levar para o Brasil. Claro que tinha coisas que o Bispo queria mandar para guardar lá, como livros, roupas, e presentes que ele comprou para amigos e familiares no decorrer do ano, mas com certeza, boa parte do espaço foi preenchido com lembrancinhas para todo mundo do Brasil. Minha mãe não fugiu a essa regra. Ela conseguiu encher uma mala minha enorme, que comprei nos EUA, pois no Brasil não se vende mala tão grande por causa do peso (olha que eu procurei heheh). Chocolates, presentes, muitos presentes, e algumas coisas minhas também, mas não muito.
Não foi fácil carregar essas malas pelos trens na Holanda, subir e descer escadas. Mas chegamos na estação. Aquele tiozinho nos ajudou a procurar um locker que coubesse as malas, foi negociar com o carinha que toma conta dos lockers, foi ver o locker para bikes que fica do lado de fora da estação, mas tem horário para fechar, também foi até a loja da filha dele para ver se poderia guardar as malas lá, o problema que o lugar não era fechado, ai não dava. O que nos restou foi deixar as malas na casa da Karla. Era a última opção, pois além de não querer dar trabalho para ela, tínhamos que pegar ônibus para chegar até lá. Mas enfim, não nos restou alternativa. Mas eu não queria ir com todo mundo, pois ia demorar a tarde inteira. Pedi para o Bispo ficar com as mulheres no centro de Amsterdam, que eu iria com os meninos levar as malas. Nossa, que tranquilidade, precisava desse break, não estava acostumado com tanta gente perto de mim, aqui somos eu e o Bispo, mais ninguém. Comemos um lanche no Albert Heijn, pegamos o onibus tranquilamente, deixamos as coisas lá na Karla, voltamos, passeamos um pouco pelo Red Light, vimos algumas lojinhas de souvinirs e depois liguei para o Bispo para nos encontrarmos. Enquanto isso, ele disse que não conseguiu se mover, pois a cada passo, as meninas entravam nas lojinhas e paravam para comprar coisas. Mal conseguiram se afastar 500 m da estação central. Não entra na minha cabeça como comprar lembrancinhas de uma cidade que ainda nem conheci? Era o caso delas, queriam comprar mil coisas, mas ainda nem tinham visto a cidade. Enfim, nos encontramos no Dam, passeamos pelas ruazinhas em Amsterdam, chegamos ao Redlight, tomamos um café e logo voltamos para a estação para esperar nosso trem para Berlin, com a dúvida que martelava na cabeça "será que o trem vai partir?", "Será que chegaremos em Berlin?".
O trem para Berlin dá outro post. Agora vou dormir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...