domingo, 28 de novembro de 2010

De mãos atadas


Sempre fui uma pessoa com objetivos claros e sob controle da minha vida. Na escola liderava os trabalhos em grupo. Quando decidi trabalhar na Unicamp, bati em muitas salas de professores do Instituto de Biologia. Meu texto era o seguinte: "Oi, Boa tarde, sou aluna de biologia da Unesp Rio Claro e estou aqui procurando estágio, gostaria de conhecer mais sua área de pesquisa e quem sabe fazer um estágio com o senhor (a)". Na terceira porta que eu bati eu fiquei. E até hoje (de certo modo). Outra coisa que sempre quis era viajar para o exterior. A Unesp tinha um convenio com as universidades espanholas e alunos brasileiros poderiam ficar um tempo lá estudando. Descobri isso no primeiro ano. Fui falar com a pessoa responsável assim que soube. Ela me disse que era só depois no segundo ano de faculdade que poderia aplicar. No segundo ano retornei e ela me disse como o dinheiro estava curto, limitaram para alunos do terceiro e quarto anos. Ano seguinte, lá estava eu novemente e para minha profunda tristeza o convênio tinha sido encerrado.

Arregacei as mangas e tentei viajar de outros jeito.  Deposi de 4 anos, juntando dinheiro, fazendo bicos, vendendo de tudo, até trabalhar em Buffet eu trabalhei (não me arrependo, e era bem legal, me divertia muito) consegui fazer minha primeira viagem sozinha 2 meses na Europa.

Bom, resumindo, eu sempre fui atrás das coisas que eu queria, tive domínio da situação. Mesmo que a situação fugia de mim (hehehe).

Mas quando sua vida não é apenas sua vida, quando você tem alguém para compartilhar sua vida, as decisões e escolhas não são mais apenas suas e sim uma combinação de duas vontades, de dois desejos. Agora os pensamentos são outros, as escolhas envolve o bem estar de ambos, e por isso as decisões são mais difíceis e demoradas. Não que seja ruim, pelo contrário, sinto mais segura e feliz. Mas o meu problema que sou impaciente, quero tudo para ontem, mas isso na vida de adulta não existe, na verdade nunca existiu, não sei porque eu ainda sofro com isso.

Por mim eu largaria meu emprego agora. Não estou feliz.  É um esforço sobre humano acordar cedo e ir trabalhar. Não tenho estímulo, não tenho vontade. Depois do que aconteceu com meu chefe idiota (ódio), a vontade de trabalhar se reduziu a zero. Mas não posso largar, porque implicaria voltar para o Brasil ou arrumar emprego em outro lugar e sabe-se lá onde e isso me deixaria mais longe do meu amor. O sofrimento seria maior. Para mim vale o esforço de ficar aqui para ficar ao lado dele. Poderia tentar arrumar um emprego na mesma cidade que ele, mas ele não sabe se vai continuar lá, ele depende do chefe dele, que depende de outras pessoas para saber se ele continuar ou não. Enquanto isso estou de mãos atadas, sem poder fazer nada. Nem arrumar um emprego em outro lugar eu posso ainda, não sabemos para onde vamos ou onde estaremos. O tempo está se esvairindo. Dia 20 de janeiro nossa casa será demolida, precisamos arrumar outra casa se ele for ficar em Groningen, e isso requer tempo. Quem mora na Holanda, ou já morou sabe que é dificil arrumar um lugar bom e barato para morar. Mas se ele não ficar em Groningen, temos que procurar emprego, mas ainda não sabemos.

Outra coisa que me deixa agoniada é a história do nosso casamento. Não posso fazer nada, não posso escolher os lugares, provar as comidas estando longe. Contratei uma cerimonial para me ajudar a decidir as coisas, mas eu continuo fazendo mais coisas que ela, mesmo estando longe. Estou ficando desesperada mas não posso fazer nada. Mãos e pés atados. Só posso ligar, mandar emaill, e o que eu ganho. Nada, continua tudo na mesma. Só em março quando estiver lá poderei fazer alguma coisa. Nem lugar ainda temos para o casamento. E será para daqui um ano e 3 meses já.

Eu sei que não adianta decidir as coisas do casamento antes de saber o que sera de nossas vidas profissionais. Talvez o Bispo consiga um emprego em outro país, e eu não, ai teremos que casar para eu conseguir visto. Talvez voltaremos para o Brasil, ai ficaria mais fácil para organizar o casamento, mas ai não teria emprego e nem casamento, dinheiro não cai do céu.  Talvez ficaremos aqui. Tudo talvez. Já contei meu ódio com essa palavra antes, né. Talvez. AHHHHH. Como essa palavra de irrita.
Agora só me resta esperar. Não posso fazer nada. Respirar e fazer uma coisa de cada vez. É o exercício para aprender a ter paciência e a pensar no presente, que na verdade é o que existe, o futuro não existe é apenas coisa da nossa cabeça. 
Estou aprendendo bastante.

6 comentários:

  1. Querida Zoe!!!

    Calma! Sei exatamente o que vc esta passando, pq tb passei por isso...
    Sempre fui super independente, decidida, sabe?! E qdo cheguei aqui, sem emprego, sem saber se a minha relaçao com o meu entao namorado ia dar certo, sem visto pra ficar...Fiquei com essa palavra chata "talves" na cabeça...
    E quando decidimos que iriamos tentar de verdade, que eu deveria ficar e que iriamos nos casar, tb tive que fazer tudo a distancia! Por sorte minha maezinha amada me ajudou até...Mas quando foi chegando perto do casamento, meus nervos estavam a flor da pele...
    No fim tudo se ajeita...Fique calma, tente extrair o melhor das situaçoes que no fim tudo da sempre certo!!!

    Bjos
    Juliana

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  2. Procura ter calma amiguinha,sei como te sentes porque eu tbém sempre fui assim, muito ansiosa, quero tuda p ontem, mas com o tempo aprendemos que isto só é possivel quando dependemos apenas de nós, quando em nossa vida aparece um amor, a independencia perde vez...mas se te vale a pena, se o amas de verdade, fica tranquila, tudo se acomodará em seu momento.
    Rompi "muitos pratos" pela vida p poder seguir meus sonhos...nem sempre valeu.
    Cuidate muito e se feliz HOJE.

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  3. Calma Roberta!
    Sei exactamente o sentimento porque os meus ultimos 2 anos tem sido assim e estas ultimos meses, meu deus, um desespero esta espera e sentir-ma de maos atadas sem poder fazer nada.
    Mas um conselho depois de ja ter esperado e estrebuchado muito com isto das decioes: pensa qual é a tua prioridade e como este momento de maos atadas te pode ajudar a chegar la. ja que a incerteza te consome muito, tenta tirar partido dela, usa-la para conseguires o que queres.
    pensa que terminando esse trabalhao apenas no final, no tempo certo, terás algo grande a adicionar ao teu CV e te ajudará no passso seguinte.
    por vezes andar muito às voltas a tentar combater as maos atadas acaba-se por se meter em trabalhos maiores e menos compensadores para o objectivo, meta final. como diz o ditado: que se mete em atalhos mete-se em trabalhos.
    nao acredito q seja sempre o melhor conselho a seguir mas quando se esta tao perto da meta melhor mesmo usar a lógica.
    bem nao sei, estou aqui a dar palpites e eu tb me sinto numa angustia só. mas espero que ao menos estes pensamentos meio perdidos e confusos de algum modo te ajudem e te sintas com mais uma companheira de luta :)
    mil beijinhos e boa semana

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  4. como diz a tua amiga sê feliz HOJE. sei que na holanda isso é mt dificil mas é mt triste olhar para trás e ver o tempo que se perdeu a pensar tanto no futuro que se esqueceu de viver o presente.
    força aí, boa noite.

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  5. Quica, eu o amo tanto, como nunca amei ninguém, que qualquer esforço vale a pena. Passei da fase de decidir tudo sozinha.
    Ana, vou fazer isso mesmo, vou aproveitar da situacao.
    Ju, vou enlouquecer totalmente quando estiver próximo ao casamento, já estou enlouquecendo!! heheheh mas vai valer a pena, vai ficar tudo lindo (espero)
    Já estou mais tranquila, seja o que Deus quiser, tudo vai ser resolver tenho certeza!!obrigada beijos

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  6. Relaxa e joga tudo pra Deus. Quem gosta de controlar muito as situacoes nos mi-ni-mos detalhes (sei do que estou falando) sofre quando nao pode estar presente. Mas essa e' a experiencia de vida pela qual vc tem que passar agora e fazer desse limao uma bela limonada !

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