quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mentirinha de cada dia

Desde criança aprendemos de nossos pais que contar mentira é errado, é feio, e quando crescemos aprendemos o por quê. Inúmeras consequência se desencadeiam de uma simples frase, de uma simples história mal contada. Mentiras pode colocar pessoas inocentes na cadeia, pode magoas pessoas amadas, pode levar a morte de outras, pode deixar pessoas passando fome, pode levar à guerras. Resumindo, mentiras não é bom.

E esse conceito está tão enraizado no meu subconciênte que hoje fiquei impressionada.

Ontem contei um mentirinha para os colegas de trabalho. Nem era uma mentira verdadeira (hã?), era parcialmente mentira! Mas puxei a bola para meu lado. A mentira não ia machucar ninguém. Bom, ontem eu estava escrevendo o relatório de um financiamento que eu e meu ex-orientador do Brasil recebemos há dois anos atrás. Escrevi esse projeto no meu último ano de doutorado lá, e no final do ano, quando eu defendi, recebi a resposta de que foi aprovado. Foi uma mistura de alegria e desespero que senti aquele dia, pois era muito bom ter um projeto aprovado, meu primeiro projeto de pesquisa, mas ao mesmo tempo a pergunta permanecia: como eu desenvolveria esse projeto no Brasil se eu estava indo trabalhar na Holanda? Muitas pessoas no Brasil se prontificaram para me ajudar, mas no meio do caminho elas esqueceram e fui ficando sozinha para fazer todos os experimentos. Conversei com meu chefe daqui e ele disse que eu poderia fazer experimentos aqui no lab sem problema, claro sem deixar de lado meu projeto principal. Dois anos se passaram, fiz praticamento tudo sozinha, mas tive muita ajuda para discussão da Gwenny e da Karla que me ajudaram a dar melhor caminho para o projeto, discutindo resultados e planejando próximos passos.

Bom e o que a mentira tem a ver com isso? Ontem, eu tentando me concentrar para escrever o relatório, me perguntaram o que eu estava fazendo (eu com o documento do Word aberto o dia inteiro, mexendo em gráficos, figuras etc), curiosos né? Enfim, disse que estava escrevendo relatório sobre meu financiamento no Brasil. Ai me perguntaram "mas como você tem financiamento lá se você trabalha aqui?" Boa pergunta, by the way. Disse que estou encarregada desse trabalho (verdade, estou mesmo) e que tenho pessoas lá trabalhando para mim (mentira! to fazendo tudo sozinha). Morri de rir por dentro da cara deles! Mas depois fiquei mal. Não gosto de contar mentiras e isso me martelou o resto do dia e a noite.

Acredita que sonhei que eu estava no lab, e para salvar meu experimento eu tinha colocado na boca, um pouco do reagente que eu uso no lab, era tipo um pó, granulado, como se fosse açucar cristal. Sei lá porque coloquei esse troço na boca, mas enfim, quando eu coloquei, senti a língua queimar e o negócio grudou na minha boca, e começou a sangrar, era corrosivo! Foi um horror. Credo. Esse foi o castigo que meu cérebro me deu por contar uma mentirinha.

Fiquei pensando nos grandes crimes, nas grandes mentiras. Será que as pessoas conseguem viver com isso? Como elas fazem para se libertarem desse sentimento? É intrínsico saber o que é certo e o que é errado. Não me venham dizer que dependendo da criação, a pessoa faz coisas que são erradas ao nosso ponto de vista, mas é totalmente aceitável para outras culturas. Cidadania, respeito ao próximo todo mundo sabe bem, aplicar ou não, já é outros 500.

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