sábado, 10 de abril de 2010

Tapa na Cara e soco no estômago

Ontem foi um dia que a auto-estima estava baixíssima, estava super sensível, querendo fugir, ir para casa da minha mãe e ficar no sofá a tarde inteira, vendo TV, ou ainda deitar na minha cama com as cortinas fechadas e encasular no cobertor.
Obviamente tudo isso era impossível, tive que ficar e trabalhar.

Sinto muito sozinha aqui em Amsterdam, não recebo um bom dia das pessoas que trabalham comigo, talvez de 50 pessoas 5 apenas olham para mim e diz Oi, ou "bom dia", não estou animada com meu projeto, tudo está dando errado, meu experimento com animal deu tudo errado, começar um novo modelo animal sempre é difícil e assim vai a lista enorme de coisas ruins, que não estou feliz.
No meio do caminho entre a minha sala e o lab, encontrei uma das estudantes novas, italiana, que sempre que me vê e diz um boa dia super animado. Ai não aguentei, parei ela e disse o quanto ela me deixava feliz quando ela dizia bom dia. Não aguentando as lágrimas nos olhos, fui para minha sala e chorei.

Mesmo assim ninguém me notava.

Parei de frescura e voltei para o lab, no caminho havia um rapaz, jovem, na cadeira de rodas e estava tentando tirar um adesivo colado no pacote do salgadinho, mas o problema que ele ao invés de dedos, ele tinha toquinhos de dedos e não tinha habilidade nenhuma para tirar o adesivo. Não estou zuando, era sério mesmo. Aquilo me partiu o coração, perguntei se ele queria ajuda, ele disse, em perfeito inglês, que só precisava tirar o adesivo. Tirei-o e perguntei se queria que eu abrisse, ele disse que não precisava, abrir ele conseguia. Ai foi o soco no estômago. Meu coração partiu mais ainda. E eu triste por um mero"bom dia", triste pelo fato de ninguém me notar, por ninguém dar a mínima para ninguém, enquanto o pobre rapaz não conseguia tirar o adesivo do pacote de salgadinho, mas estava feliz por conseguir abri-lo. Tapa na cara e soco no estômago.

Fui para a degustação de vinho que teve no laboratório. Era aniversário do meu chefe e de outro professor, Keiss, e todo ano eles trazem um sequencia de vinhos, organizam no pior para o melhor e você tem que testar todos. Engraçado que o Keiss, o especialista em vinho, ficava do lado da mesa de vinhos aguardando a reação das pessaoas após provar os vinhos. Havia muitos aperitivos também, queijos, salmão, salgadinhos, torradas com patê, estava super gostoso.  Os vinhos deu uma relaxada, fiquei um pouco bêbada, após provar o quinto ou sexto vinho.

3 comentários:

  1. Roberta,
    Adoro ler o seu blog.Vc escreve muito bem,parece que eu estou conversando com vc....
    A respeito das pessoas que não comprimentam(acontecem no lab. no Brasil também),quem está perdendo é a pessoa pois a hora que vc comprimenta tem uma energia boa de sua parte,a pessoa que não soube usar essa energia....
    Eu acho que é muito triste...vc não pode ligar.Vc é muito inteligente,bonita,jovem e é só usar esses anos que está na europa para curtir também...
    Pode usar o seu molho de mostarda no meu blog?
    Beijos e saudades

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Oi Robs!! Gostei do "Parei de frescura e voltei para o lab" !! Nunca deixe a tristeza tomar conta de você! Você está longe de pessoas queridas, mas está realizando um sonho, que era de morar fora do Brasil! Veja que coisa boa!!! Se eu fosse você daria bom dia para todo mundo, com sorrisão no rosto, mesmo que ninguém entenda ou responda!!! Hehehe, pelo menos você sabe que fez sua parte, não é verdade??
    Sempre que quiser conversar, não se esqueça que estou aqui!!

    Espero que esteja bem aí!!!

    Saudades!!

    Bjs,

    Cacá

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