segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O dia da viagem

Acordei às 5 da manhã para terminar de fazer a minha mala e ir para o aeroporto de carona com o Arivaldo, o dono da casa em que eu estava morando em Amsterdam. Como ele ia trabalhar no domingo cedo, ele me ofereceu carona até o aeroporto e eu não fiz cerimônia, aceitei. Foi o que me salvou, pois havia rumores de greve nos transportes públicos de Amsterdam.
Tomei banho, me arrumei  e comecei a colocar na mala as coisas que ainda estavam no guarda-roupa. Estava ficando preocupada pois ainda faltava muita coisa. Comecei a ficar desesperada. Bispo ainda dormia. Desci meu vestido de noiva e deixei-o perto da porta de saída para não esquecer. Preparei o café da manhã e chamei o Bispo. No andar de baixo, terminei de arrumar minhas coisas, mas a mala estava pesando mais de 27 kg. Estava ficando preocupada, já comecei a jogar coisas fora ali, mesmo. Deixei o guarda-roupa cheio de roupas de cama, toalha, cremes, shampoo, tudo que eu poderia comprar no Brasil. Comecei a fazer a escolhas de roupas, o que deixar e o que levar. E fui deixando. Tudo de casa, comida, liquificador etc, ficou para trás, dei para a Rita, disse que ela poderia jogar fora caso ela não quisesse, mas acho que ela até gostou (espero) e isso que me salvou. Não gosto de jogar fora coisas úteis, algo que alguém possa usar, fiquei feliz por ela ter ficado com as minhas coisas. Quando eu mudei para essa casa, enchi duas sacolas enormes de roupas e coloquei do lado da lixeira, com a esperança de alguém pegar. As roupas era novas e boas, joguei fora porque não tinha onde colocar mesmo.

Anivaldo então acordou e logo já estava pronto para sair. Bateu o desespero. Havia mil coisas para fora da mala, não ia dar tempo de escolher, pesar e escolher novamente. Coloquei tudo na mala, fechei e fomos para o aeroporto. Lá tentaria chorar para a  pessoa do check in e ver o que aconteceria. Bispo levou um mochila minha já lotada de coisas que não cabia mais na mala e uma sacola grande, com a esperança de um dia ele levar para mim para o Brasil.

O aeroporto estava tranquilo. Eu com a mochila de 30 litros nas costas, com uma mão empurrava o carrinho com duas malas enormes e com a outra, segurava o vestido de noiva. Dirigi-me ao guichê, escolhendo um que havia alguém com cara de boazinha. Escolhi uma tia de uns 50 anos.
Coloquei minha primeira para para pesar, a cor de rosa, de material duro. Numerinhos rodando e estacionou nos 27kg. Putz, daria para tirar alguma coisa facilmente. Agora era a vez da mala preta de tecido mole. Numerinhos rodando e 31 kg cravado!! AAAhhhhhhh e agora? Comecei a olhar para a tia com cara de dó, fiquei lá, "mas... mas...". Ela disse que teria que pagar o excedente, que era por kg extra, ou dar um jeito de fazer caber em 23 kg!! O que, 23 kg? Tinha que me desfazer de 12kg!!!

Vai lá eu e o Bispo abrir a mala no meio do aeroporto, tirar tudo, fazer outra triagem e escolher o que era mais importante. Joguei fora várias roupas, secador de cabelo, sapato, não quero nem lembrar das coisas. Como estávamos com a balança, toda vez que eu tirava alguma coisa, eu fechava e pesava novamente, mas as malas eram muito desengonçadas, e não conseguia ver o valor marcado. Ai Bispo desenvolveu uma técnica para pesar minhas malas: ele subia na balança, via quanto ele pesava e segurava a mala, e descontava o valor do peso dele!! Olha que esperto! Quem usa cabeça merece um beijo!! Eu não tinha condições de pensar em nada, apenas em jogar coisa fora. Havia uns velhos sentados ao lado que ficavam olhando, dando risada, querendo participar, sabe? Não dei cabimento, nem olhei para o lado, nem dei sorriso simpático. Fingi que não estavam vendo, na verdade não estava vendo mesmo. Até que não sofri muito, liguei a sessão desapego e bora lá jogar fora. Até que gostei, pois agora já no Brasil, estou jogando várias coisas fora e estou me sentindo muito bem!

Bom, conseguimos reduzir o peso e as levei para despachar. A mala preta ainda excedia 3 kg, apenas 3 kilinhos, nada demais. Agora eles vão deixar né? Engano meu. Dessa vez escolhi uma rapaz, coloquei as malas, uma passou ele já mandou embora, e a outra, o rapaz ele olhou para mim e disse "Está com 26kg, tem que ser 23, compensa você comprar uma bagagem extra para colocar o excendente". Quanto custa, perguntei. 200 euros. O quê??? Que jeito, e ainda tinha que comprar outra mala. No way. Tentei argumentar, derramei umas lágrimas, falei que estava me mudando para o Brasil depois de 4 anos morando na Holanda, mas sou péssima em não seguir regras, em fazer coisa errada. Se tem que ter 23kg, é a regra, temos que seguir. Coloquei a vergonha na cara novamente e voltei a abrir a mala para tirar coisas de dentro. Consegui. Ufa.

Bispo disse para eu levar como mala de mão a mocila de 50 litros e deixar com ele a de 30 litros que eu estava levando, assim daria para salvar algumas coisas que ia jogar fora. O meu medo era os caras encrencarem na entrada do avião, pois estava levando o meu vestido de noiva que contava como bagagem, portanto, só poderia levar minha bolsa com documentos. Eu já estava arriscando a mochila menor. Agora levar a mochila maior, será que não daria pau? Quando levei a segunda mala para despachar, deixe a mochila e o vestido com o Bispo, para facilitar e o cara do guichê nem perguntou nada, apenas despachei a mala e pronto. Como eles não viram a mochila de mão, arrisquei. Logo embarquei. Me despedi do Bispo com olhos cheios de lágrimas, e fui segurando o vestido, minha carteira, óculos e papelada numa sacola e a mochila enorme nas costas, que eu nem sabia mais o que tinha dentro. Passei o primero rapaz do embarque. Passei a mulherzinha. Passei o controle de passaporte. O Bispo ficou esperando caso eu tivesse que voltar e jogar fora mais coisas. Meu medo era no raio X. Logo após o controle de passaporte,já fui  comprar o perfume para minha mãe, não queria passar no freeshp em São Paulo, queria ir embora logo, e decidi comprar em Amsterdam mesmo. Sai super rápido e logo me direcionei para o Gate E21. Agora no Schiphol há uma máquina de  raio X para cada portão de embarque, deve ser por isso que são tão caras as taxas de lá. Enfim. Cheguei no E21 e e já coloquei minhas coisas no raio X. Tirei o sapato, casado, a blusa de frio, a outra blusa de frio, o sinto. . Ah, esqueci de dizer que estava usando 2 blusas de frio e um casaco enorme, pois não cabia mais em lugar nenhum e resolvi levar no corpo mesmo, quase morri de calor, nem estava frio, fazia uns 10 graus aquele dia, e ainda mais correndo com mala pra lá e pra cá, minha temperatura estava 40 fácil!! hahah
Passei o raio X, e toda desengonçada que sou, coisas caindo, tropeçando e um tiozinho perguntou se eu ia casar, ou já casei, e respondi que ia casar e ele disse "Felicidades!!". Que legal!!

Me me sentei no banquinho de espera e  mandei pensagem para o Bispo diendo que estava tudo bem, e ele foi embora para Groningen. Depois que a adrenalina abaixou um pouco, deu vontade de ir no banheiro, mas estava morrendo de preguiça, tinha muita coisa para carregar, a mochila que pesava uns 15 kg fácil, 3 blusas de frio, a socola com perfume, carteira e mais o vestido. Relutante, fui ao toilete e deu tudo certo, logo que eu voltei começamos a embarcar. Entrei no avião e entreguei meu vestido para a comissária de bordo guardar. Eladisse que não tinha mais lugar para guardar e que ia colocar na câmara fria. Ai meu deus. Imaginei um lugar cheio de carnes, mas confiei. O  máximo que ia acontecer era o vestido sair geladinho, certo?
O voo foi tranquilo, chegamos em São Paulo no horário combinado e e quando estava saindo do avião perguntei para a comissária sobre o vstido e logo eu o vi pendurado na primeira classe. Uffa, ele estava sao e salvo, na primeira classe. Que alívio.

E foi assim minha saga de volta pra o Brasil. E cá estou, toda feliz e contente!

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