sábado, 1 de dezembro de 2012

A língua materna após o retorno

Essa semana eu participei de um workshop the microscopia óptica no Instituto de Física da Unicamp. Esse Workshop foi promovido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fotônica Aplicada à Biologia Celular (Infabic), criado da associação do Instituto de Física juntamente com o Instituto de Biologia da Unicamp com o objetivo de desenvolver estudos avançados sobre materiais biológicos utilizando técnicas e equipamentos de última geração que utilizam laser e óptica não linear para avaliar processos celulares.
Foi um workshop fantástico. Sinceramente eu fiquei impressionada com as coisas que eu vi. Principalmente o uso de laser para manipular células, nanopartículas (sim é possível manipular coisas materias com luz!!)  e estudar a física dos processos biológicos. Demais!! Para conhecer um pouco mais desse instituto clique aqui e veja imagens incríveis da biologia obtida pela utilização da física!
Foi uma semana muito intensa, com conceitos de física que estavam adormecidos no meu cérebro. Foi difícil lembrar de seno, cosseno, funções matemáticas, números imaginários e mil outros conceitos de física e matemática, mas foi muito proveitosoe e interessante.

Hoje o que quero falar para vocês não é sobre o curso, mas sim de uma observação que fiz durante esse curso, especificamente de uma palestra que tivemos.
A palestrante é uma pesquisadora brasileira que ficou muitos anos na Alemanha e voltou recentemente para o Brasil para ser pesquisadora por aqui. Percebi a dificuldade dela de achar palavras para explicar o que queria, tinha um vocabulário raso em português.
Quando comecei a aprender inglês com professores particulares aqui no Brasil, os professores sempre diziam  "se você não sabe essa palavra em inglês, não tem problema, tente explicar o que você quer dizer, descreva o objeto, e assim, a pessoa ouvinte irá compreender e no final ela dirá a palavra para você e você acabará aprendendo um nova palavra". Essa técnica funcionou muito bem quando morei na Holanda e EUA, aprendi várias palavras fazendo onomatopéias, mímica! Lembro quando uma vez em Baltimore que eu queria dizer que odiava palhaços, mas não lembrava de jeito nenhum como era em inglês, ai comecei a descrever "aquele cara de circo que faz as pessoas rirem, usam um nariz vermelho.."e na hora a menina falou "ah, you don't like clawn! Neither do I!" E nunca esqueci como era palhaço em inglês.
Agora, de volta à terra natal, à lingua materna, isso aconteceu muitas vezes comigo, não lembrava as palavras, não achava a melhor palavra para explicar uma acontecimento, um sentimento, um adjetivo para descrever uma situação. A língua portuguesa é muito rica em vocabulário, ao contrário do inglês, então se você não usa as palavras direito, se você não diversifica seu vocabulário, você fica parecendo uma criança, ou um estrangeiro em terras natais. Eu me sentia assim no início, principalmente em aulas (nas aulas do concursos que prestei), as palavras não vinham, dava branco. E só pude perceber esse problema comigo agora um ano depois do meu retorno, senti a angústia que aquela palestrante sentia quando não achava as palavras adequadas.
Por isso meu conselho para manter qualquer língua, seja ela estrangeira, para quem mora no Brasil, ou o português para quem vive no exterior : leia muito livros na língua desejada!!

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