sábado, 28 de março de 2009

Rain sucks

Tem dia que ao abrir os olhos pela manhã, você percebe que não deveria ter acordado. A chuva caindo lá fora, o ar gelado que vem de fora passando pelo vão da janela, o açúcar que cai na mesa entre o caminho da xícara e o açucareiro, o pão que queima no forno, são vários os sinais para você não sair de casa e ficar debaixo da coberta vendo TV. Esse é um dos dias. Tinha que ir para o Lab trabalhar, pois meu experimento começou ontem e tenho que continuá-lo hoje. Sai de casa, debaixo de chuva, de bicicleta, uma mão segurando o gruidão e a outra o gurda-chuva, torcendo para não vir o trem no cruzamento, não fechar o sinal e não aparecer nenhum pedestre estúpido no meio da rua. Mas meu caminho passa pelo VisMarkt, o lugar mais movimentado de sábado, onde tem a feira livre, cheia de comida, flores, roupas, gente, bicicleta, e aquele cruzamento maldito, ao lado do AlbertHijn. Como tem uma faixa de pedestre ali, as pessoas acham que elas estão imunes só porque estão atravessando na faixa. Mas como vim do Brasil, sei que isso não é realmente verdade.Se fosse só os pedrestes, tudo bem, mas não, tem os malditos ciclistas que também acham que são os donos das ruas, vão entrando e não estão nem ai. Foi o que aconteceu, estava eu passando nesse cruzamento, segurando o gurda-chuva numa mão e o guidão na outra, chovendo, cho deslizando, só via o caminho a minha frente se estreitando devido aos pedreste e uma bicicleta, eu tinha que escolher, bater na bike ou nas pessoas, quem se machucaria menos. Escolhi a bike. Bati, não foi nada demais, as duas cairam da bike, de pé, sem maiores danos, tentei frear, mas deu, meu freio está horrível. Pedi desculpas. Mas na verdade não era minha culpa. A mulher ficou possessa. Eu também ficaria, mas ela entrou na minha frente, não tinha como parar. Fui embora aos prantos, tremendo de ódio, de nervoso, não conseguia nem xingar em inglês, aliás como se xinga em inglês? larguei a bike no centro e fui caminhando, tentando me acalmar, chorando. As lágrimas também eram por outras coisas que aconteceram, parece que estou fazendo tudo errado. As pessoas nunca repara no que você fez de bom, nas coisas que você faz corretamente, pois isso é o normal, o certo, temos que ser perfeitos, mas se algo sai dos eixos, se você comete um pequeno deslize, se não colocou as meias para lavar com toalhas e lençóis, o mundo inteiro fica sabendo que você faz tudo errado. Mas ninguém percebeu que você arrumou a mesa, limpou o fogão, lavou a louça. Não isso é o dever, o normal.
Pois é neste dia que estou, espero que no final ela acabe bem, já que a esperança é a última que morre.

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