segunda-feira, 5 de maio de 2014

A amamentação e as armadilhas para cair na mamadeira

Se eu estava cansada após o longo e dificil parto, imagina o bebê! Obviamente ele queria só dormir e descansar. E durante toda hora vinha uma enfermeira diferente me perguntar se ele estava mamando, eu dizia que ainda não, que ele estava dormindo e ai elas tentavam me “ensinar” a amamentar e ficavam apertando, esticando e torcendo meu peito e cada uma que vinha falava uma coisa diferente, dando um nó na minha cabeça. Até que no segundo dia após o nascimento do Murilo eu fui beber água no corredor do hospital (pois fiquei o dia todo pedindo para trazer água e não trouxeram), uma enfermeira me perguntou, como de praxe, se ele tinha mamado e eu disse, meio encabulada, que ainda não e que estávamos aprendendo e tal. Com uma cara de preocupada, a enfermeira perguntou se a gente queria que medisse a glicemia dele para ver se estava tudo bem, pois não era bom abaixar muito. Oras, por que não? Ela foi no nosso quarto, pegou uma gotinha de sangue do bebê e colocou na máquina. Apareceu o valor de 49. O valor normal de adulto é 80-90 em jejum. Após obter o resultado ela vira pra gente e fala assim "Nossa está baixo, com 40 vai para UTI, vocês querem que preparem o leite para ele?". Depois da nossa cara de assustado, ela perguntou se queria que ligasse para pediatra. Falamos que sim, e enquanto isso iríamos decidir.
Aqui faço um adendo sobre a falta de profissionalismo da enfermeira, onde já se viu ela sugerir um exame se ela não é medica? Até ai não tem problema para mim (mas a pediatra ficou P da vida). Segundo, ela falar que estava baixa a glicemia, sem falar o valor de referencia para recém-nascido? E terceiro e pior, como ela me fala de UTI para uma recém mãe, já fragilizada e preocupada com o filho? Mas depois da carcada que ela levou da pediatra por telefone e na manhã seguinte, acho que nunca mais ela vai fazer isso. Bom mas voltando...

Primeira armadilha. Foi assustador ouvir a palavra UTI. Já imaginei ele lá, entubado, mas respirei fundo, parei e falei para o Bispo olhar na internet o valor de referência para recém nascido, pois deveria ter diferença para o adulto, cero? E adivinha? Para recém nascido, valor de 60 é a glicemia em jejum e 50 é uma glicemia leve, abaixo de 40 é hipoglicêmico. Ora, natural que Murilo estivesse com glicemia leve, pois após o nascimento não havia mamado.
Quando a enfermeira voltou após ter telefonado para pediatra ela disse que a médica falou que está tudo normal, que ele estava bem (notava-se um tom sarcástico, sei lá) mas que se gente quisesse dar o leite, era nossa escolha. Mas estava tudo bem. Com muita cautela, optamos para esperar até ele querer mamar, pois se déssemos mamadeira, a chance dele pegar o peito depois diminuiria, pois mamadeira era muito mais fácil de sugar, o bico é diferente e como eu queria amamentar, resolvemos esperar o tempo dele. E o tempo dele chegou na manhã seguinte, fome ele já tinha, mas foi uma luta fazê-lo abrir a boca, desencandear o reflexo de sucção, pois tinha que encostar o bico no céu da boca dele para ele começar a sugar e como meu bico era pequeno, não alcançava, e foi a maior ginástica, eu apertando de um lado do seio, o Bispo do outro,  sincronizando para encostar no céu da boca do Murilo. Conseguido o estímulo, o desafio foi fazê-lo pegar o peito do jeito certo, e eu não fazia a menor ideia. Mas a internet estava lá para nos ajudar. As enfermeiras tentavam, mas não explicavam direito, ou eu não conseguia entender direito. Mesmo assim nos dias subseqüentes ele foi mamando, fomos aprendendo, eu já conseguia fazer a pega sozinha, sem a  ajuda do Bispo, até que voltamos para casa na quinta-feira.
No mesmo dia que cheguei em casa, chamei uma consultora em amamentação para me auxiliar e tirar dúvidas. Ela veio com um outra e ficamos umas 2 horas conversando, fiquei um pouco assustada com os casos que elas contaram, de bico de peito sangrando, bico pendurado, coisas terríveis, mas foram apenas uns 5 min de toda a conversa que fez toda a diferença para mim, me mostraram a pega certa e voilá! Bebê mamando direitinho, uma beleza, até o leite descer!

Segunda armadilha. Quatro dias após o parto, na madrugada de sexta-feira, o "leite desceu". Até esse momento não entendia essa expressão, mas foi ai que entendi e, literalmente o leite desce, começa as encher as glândulas do alto do seio e por último as próximas à aureola.  As mamas ficaram enormes e doloridas e aí começou o segundo desafio, se eu não lutasse, ia cair na armadilha da mamadeira e não conseguiria amamentar.
Nessa madrugada, fiquei duas horas para fazê-lo pegar o seio, ele com fome, cansado de tanto tentar e eu preocupada dele passar fome, não crescer, ele chorava de fome e eu de, desespero. Foi a madrugada inteira assim. No sábado de manhã liguei para uma consultora e para o Banco de Leite da Maternidade de Campinas, que dá apoio as lactantes e todas elas me ensinaram a fazer massagem para soltar o leite e facilitar a pega. E assim conseguimos mais uma vez!


Dai em diante, Murilo mama super bem, está ganhando peso surpreendentemente e em 15 dias, ganhou 1kg! Essa dificuldade do inicio não alterou em nada seu desenvolvimento, Graças a Deus! E hoje vejo que fizemos a escolha certa!

2 comentários:

  1. Roberta, nos primeros momentos após o parto, estão os maiores índices de desistência do peito. As mulheres optam pela mamadeira por toda essa série de acontecimentos que você mesma vivenciou e relatou aqui. A gente compreende, pois não é fácil mesmo amamentar, mas veja só como você foi vencedora! Insistir e fazer dar certo é coisa de "mãe leoa", rsrs
    Os meus dois filhos já nasceram mamando, rsrs, minutos depois do nascimento, quando colocaram eles no meu colo, eles já mamaram e foram verdadeiros bezerros! Daqui a pouco chega aquele momento que você fica sentada por 3 ou 4 horas no mesmo lugar do sofá e eles pendurados no seio, porque mamam um pouquinho e dormem um pouquinho...é um momento fofo (e cansativo, rs) demais <3
    Parabéns pra vc, viu?!
    bjs

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  2. Muitos parabéns Roberta pela insistência e vitória. O Bispo é um paizão fantástico como seria de prever. Eu tenho muita pena que tudo que é artificial esteja tão enraizado nas nossas sociedades. Eu tive uns 7 ou 8 biberons de presente antes do João nascer. Felizmente nunca precisou de nenhum, mas é assustador e triste como as pessoas não pensam no que esse gesto significa. Tal como tentar minar a cabeça das mães de dúvidas na sua altura mais frágil. eu cheguei a recber telefonemas de propósito só a dizer que eu deveria pensar em leite artificial porque eu sou tão magrinha que concerteza não tinha leite que chegue. Nada me sabe tão bem como 1 ano e meio depois ter um bebé com um desenvolvimento fantástico, óptima imunidade, que nunca precisou de outro leite senão o materno.
    E por falar em domínio do artificial, basta entrar em lojas de bebés para ver que a maior parte da loja se compôe de produtos inúteis, que os bebés não precisam, mas só porque existem o povo sente que tem que comprar! enerva-me tanto tudo isso.
    grande abraço Roberta para vocÊs os 3, sinto-os sempre tão próximos...

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