sábado, 22 de fevereiro de 2014

Alerta sobre desrespeito médico

Difícil não pensar em outra coisa, parto, médico, exames, sintomas! É isso que estou vivendo e é sobre isso que quero escrever,. Melhor escrever aqui, pois pelo menos você escolhe se lê ou não, do que ficar falando sobre isso o tempo todo. Eu tento não falar muito sobre isso, mas acho que é inevitável. Acredito que se eu escrever, vou falar menos e deixar as pessoas em paz.

Aliás, fazendo um adendo,  tenho que lembrar as gestantes de primeira viagem (eu, principalmente) que o mundo não acaba no parto, na verdade é uma fase de transição para a nova vida. Essa neura que temos em relação ao parto, nos faz esquecer que depois do parto teremos um novo integrante em nossas vidas, uma nova rotina, um ser totalmente dependente que não sabe falar que está com dor, com fome, com frio, ou seja, um universo totalmente diferente. Nessa vida modern nos falta preparação prática, não temos mais contato com bebês como as pessoas tinham antigamente, e psicológica, por isso que muitas mães sofrem de depressão pós parto, pois não fomos preparadas para lidar com tantos hormônios, com tantas mudanças de conceitos, de rotina, se vida.

Bom, mas a primeira etapa é o parto e eu gostaria de falar sobre ele (novamente).

Agora que minha barriga está enorme, mais ainda, as pessoas me param no supermercado, nas ruas, no trabalho em qualquer lugar e compartilham suas experiências. Contam como foi o parto, cesária, normal, quanto tempo ficou em trabalho de parto, contam detalhes da dor, da hora exata que começou tudo, que acabou, quem estava lá e  mesmo tendo passado 20, 30 anos do nascimento do filho em questão, vejo que elas visualizam a cena, revivem o sentimento daquele momento, lembram da dor, da alegria, do medo, do desespero.

Minha conclusão: o parto é um momento muito marcante da vida de uma mulher, é um divisor de águas, é a transição de vida, todas falam que a vida mudou, que elas mudaram, elas não se lembram como eram antes dos filhos, não conseguem imaginar a vida sem os filhos. Por isso é muito marcante e por isso inesquecível, seja ele uma experiência boa ou ruim. Mas o que me deixou muito mal foi ver que todas essas mulheres que falaram comigo até agora, tiveram experiências horrorosas, sofreram violência física e psicológica antes e durante o nascimento dos filhos, principalmente aquelas que tiveram parto normal seja por escolha, seja por ter sido no sistema de saúde pública. E isso me revoltou absurdamente.

Queria contar dois relatos que escutei. O primeiro, de uma moça que está grávida de vinte poucas semanas, menos de 6 meses. Ela foi na consulta de pré natal e o médico fez exame de toque nele para saber o quanto de dilatação ela tinha e ainda falou "Está fechadinha ainda". CLARO QUE ESTÁ!! Que absurdo!! Dois absurdos, por que o médico quis saber se tinha dilatação? Um gestação saudável, tranquila, por que haveria de ter o cólon dilatado? E se tivesse, o que ia adiantar? Então qual a razão de submeter a mulher a um exame super desconfortável no sentido psicológico, pois apesar de dizerem que não doi e constrangedor. E além do exame, QUE COMENTÁRIO FOI ESSE?? Jesus Christ! Onde está o respeito, a ética médica?
Mas o show de horrores não acaba ai. Depois o médico ainda apertou as mamas com força, machucando-a, para saber se tinha colostro. A pergunta é POR QUÊ??? O bebê só vai nascer daqui 3 meses e só vai precisar de colostro/leite quando nascer, certo? O que vai adiantar saber se tem agora? Se tivesse, a moça ia ficar preocupada pois poderia pensar que poderia acabar antes do bebê nascer.  Tem mulher que não tem nada antes do bebê nascer, e pela incrível força da natureza, assim que o bebê nasce e começa a sugar-lhe as mamas, aparece o tão abençoado colostro. E há mulheres que tem no meio da gravidez. Agora o que isso é relevante para o médico, eu não sei. Final da história, a gestante se sentiu super invadida, agredida e mudou de médico.

Contanto essa história para as meninas que trabalham na empresa elas disseram que é normal! O QUÊ?? Que em quase todas as consultas o médico via o quanto de dilatação elas tinham, até me perguntaram quanto eu já estava!

Cavando mais o buraco sobre a realidade médica no Brasil, escutei muitos casos de violência, de abuso, de desrespeito, um mundo horroroso, principalmente para mulheres de baixa renda, sem informação.

Por isso, gostaria de alertar para buscarmos informação, buscar conhecimento, pois essa é nossa arma contra a violência médica, contra o desrespeito. Devemos parar de achar que médico é Deus e tudo pode e tudo sabe, não sabe! Muitas vezes, cumpre o protocolo de exames que aprendeu na faculdade há mais de 10 anos atrás. Exames que muitas vezes são desnecessários.
Não podemos mais acreditar cegamente no médico, eles são humanos, passivos de erros, como qualquer pessoa.
E somente estudando sobre a gestação, sobre nascimento, saberemos se o que o médico diz é condizente com o que você está sentindo, precisando.
E, uma coisa muito importante, não ter medo de perguntar, qualquer dúvida, qualquer intuição que você tenha pergunte ao seu médico "como é esse exame?",  "qual o objetivo de faze-lo?" , "doi? é desconfortável?", "se eu não fizer, quais consequências?".
E só teremos perguntas se lermos, estudarmos o assunto. As pessoas pesquisam tanto quando vão comprar um celular novo, um carro, uma casa, por que não estudar sobre o parto?

E com as coisas esclarecidas, saberemos escolher o nosso parto e como queremos que nossos filhos venham ao mundo, como queremos ser tratadas.

2 comentários:

  1. Ixi, Rô, eu fiz pré-natal da Thamy aqui todinho e nunca fiz exame pra ver se tinha dilatação ou me apertaram os peitos. Do Victor e Daniel tb vim a consultas no Brasil e nada disso aconteceu também. Foi bem tranquilo e normal. É caso mesmo de trocar de médico; ainda bem que tem essa opção aqui no Brasil.
    Na Holanda nem preciso comentar porque se olham para você já é até muito...he he he
    Bjs!

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  2. Ro, voce já sabe: quando eu ficar grávida, voce vai me indicar seu medico tá? vou sair aqui da roça e ir onde ele estiver pra não ter que passar por coisas assim....rsrs

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