domingo, 31 de janeiro de 2010

atrapalhadas do dia

Ontem foi um dia e tanto. Cheio de atrapalhadas como sempre. Havia comprado um ticket para ir e voltar de Utrecht para Amsterdam no dia anterior, para economizar tempo na manhã seguinte caso chegasse atrasada para pegar o trem.
Entrei no trem para Amsterdam Bijlmer ArenA, que é uma estação após a que eu tenho que descer que é Amsterdam Holendrecht, para qual comprei o ticket. Sentei na cabine e só por desencargo de consciência, perguntei para as pessoas ao meu lado se haveria problema de eu pegar aquele trem já que eu paguei para uma estação anterior e desceria numa estação seguinte. Os caras disseram que eu poderia ter problema, pois como aquele trem era mais rápido, ele não parava em Holendrecht, pararia direto em Bijlmer ArenA. Como eu já havia pagado multa no trem uma vez, por causa da minha ingenuidade e falta de informação, resolvi consultar os funcionários da companhia de trem NS. No episódio da multa eu estava indo para não sei onde e comprei o ticket com meu cartão de desconto de 40%, mas esse cartão só vale depois das 9 da manhã, e eu havia pegado o trem às 8 e pouco, não me lembro exatamente, mas me lembro que tive que pagar 35 euros de multa mais 14 euros do ticket do trem, pois era como se eu estivesse sem ticket. Enfim, o carinha me disse que não era permitido mesmo, então fui atrás do trem correto. Coloquei a mão no bolso só para ter certeza que o ticket estava ali, e adivinha? Não estava. Subo as escadas rolantes às pressas, compro um novo ticket e retorno correndo para a plataforma, pois o trem sairia em 2 -3 minutos. Horas depois, durante o dia, acabo encontrando o primeiro ticket em um dos milhoes de bolsos do meu casado. Saldo: 2 tickets de 5,80 euros para o mesmo trajeto.

Outra atrapalhada do dia foi no prédio IWO, onde fazemos experimentos com animais. Ainda não tenho acesso ao prédio, então só posso entrar com alguém cujo cartão pessoal esteja habilitado para abrir as portas. Acompanhei o sacrifício dos animais, a retirada dos órgãos. Em seguida Joost, o técnico responsável pelos experimentos com animais, aplicou as injeções nos meus camundongos pretinhos  e depois fui embora, já que ele ficaria mais tempo por lá. Perguntei a ele se poderia abrir as portas para eu sair. E ele disse que era só apertar o botão verde. Eu sabia que em uma das portas não tinha o tal botão verde, mas como ele disse, como ele trabalha todos os dias lá, não hesitei, achei que eu estava enganae e sai. Passei pelo vestiário feminino, tirei a toca, a máscara e o avental branco, deixei o sapato azul, e coloquei o sapato branco, e sai do vestiario por outra porta que dá para um hall grande onde tem a porta de saída. Assim que se fecha, a porta desse vestiário só abre com o cartão habilitado. Caminhei em direção a porta e procurei o botão verde, e cadê o maldito? Havia uma caixinha verde na parede ao lado da porta, com um círculo no centro e duas setas apontando para ele, e mais parecia um botão de emergência (e era) que um botão para abrir a porta, com havia visto em outras portas, tipo um interruptor de luz. Bom, apertava esse círculo, e nada, de repente quando pressionei mais forte, o vidrinho da caixinha quebrou. Se passaram alguns minutos e uma menina estava vindo do outro lado, para tentar entrar onde eu estava, e o cartão dela não conseguiu abrir a porta. Ela chamou a mulherzinha da entrada, que também não conseguiu abrir a porta com o cartão dela. Percebi então que eu havia quebrado a porta. Bom, se aquele botão era de emergência, então estava quebrado, pois deveria ter aberto a porta quando eu o quebrei! Fiz até um favor então para o prédio, testei o botão de emergência (risos), sempre temos que pensar pelo lado bom! Bom, para sair dali então, um tiozinho que estava saindo mostrou um atalho através de um vestiário ao lado. Saldo: uma porta quebrada e perdi o restante do experimento que eu iria acompanhar no lab.

domingo, 24 de janeiro de 2010

cheese cake, torta de carne moída e Tilt-Shift

Final de semana, dias de descanso, de aprender coisas novas, de passear, de namorar, de fazer coisas que gostamos.
Depois da minha primeira semana em Amsterdam, cheias de dúvidas, de incertezas, finalmente cheguei em casa. Cheirinho de limpeza e de comida no fogo. Lar doce lar!
Vim com a ideia de fazer cheese cake. Buscando na internet, existe mais de 300 tipos de cheese cake, o que eu queria era igual ao da Padaria Alemã, em Campinas, mas seria impossível de achar tal receita. Então escolhi uma que a Karla havia me indicado, uma que vai ovos no recheio e vai para forno assar. Há receitas com gelatina sem sabor, com ovos, sem ovos, mil opções. Sábado, portanto, fiz um desejado cheese cake de morango, não era exatamente o que eu esperava, mas ficou bom. Tentarei outra receita da próxima vez. A receita foi a seguinte:

massa:
1 pacote de bolacha maria (200g)
2 colheres de margarina (50g)
triturar a bolacha no liquidificador até que vire uma farofa e adicionar marganina)ou manteiga derretinha e misturar. Coloque a mistura sobre uma forma desmontável e coloque na geladeira enquanto fizer o recheio.

Recheio:
1 lata de leite condensado
2 pacotes de cream cheese
2 ovos

Bater tudo no liquidificador e adicionar sobre a massa ja na fôrma. Assar por 30 min a 150 graus Celsius, ou até quando furar com o palito e este sair limpinho.

Cobertura
Como não tinha paciência de fazer a geleia com as frutas frescas (também não é época de morangos, aliás, não é época de nada) comprei um vidro de geleia de morango no mercado mesmo. Coloquei o vidro inteiro, mas depois do primeiro pedaço, achei que era muita geleia, estava muito doce. Assim,  retirei quase tudo, e coloquei de volta ao pote. Sem brincadeira, devolvi 3/4 do vidro!

Outra de delícia que eu fiz um bolo de carne moída. Particularmente eu odeio esse nome. Prefiro chamar de torta de carne moída. Quando eu penso em bolo, logo vem à cabeça uma sobremesa, doce, deliciosa, que nada combina com carne moída. Quando penso em bolo de carne, penso em um bolo de chocolate com carne no meio, argh... que nojo... enfim...fiz Torta de Carne moída.
A princípio eu queria fazer fricassé de frango, receita que aprendi com a Cecília, dona da pensão que eu morei por um ano em Rio Claro, quando fiz faculdade. Mas como esqueci de comprar o frango, e estava 4 graus negativos lá fora, resolvi mudar os planos, e fazer o que tinha em casa.
Basicamente a torta é composta de uma camada de purê de batatas na base, uma camada de carne moída refogada e outra camada de purê. Queijo por cima para gratinar. Humm ficou uma delícia.
O purê é um pouco diferente do tradicional:

1 kg batatas cozidas e amassadas
2 ovos
2 colheres de maizena (eu coloquei farinha, pois nao achei a maizena)
1 xícara de leite
2 colheres de manteiga

Derreter a manteiga no leite, dissolver a maizena, adicionar as batatas, as gemas e depois as claras em neves. Misturar por 6 min no fogo (número mágico hein)  eu misturei por 5 min pois já estava doendo meu braço.

A carne moída eu refoguei com cebola, alho, azeitonas, cebolinha, alcaparras e coloquei molho de tomate, mas não pode deixar muito molhado. Ah coloquei milho para render, pois achei que era pouca carne moída!
Forrar uma travessa de vidro com metade do purê, colocar a carne e o restante do purê. Salpicar queijo ralado por cima e só colocar no forno. Hummm que delícia. Achei que ia sobrar para levar de almoço essa semana, que nada!

Outra coisa que gosto muito de fazer é arrumar, mexer e tirar fotos. Estou preparando um fotolivro com as fotos da viagem com a família. Quero fazer algo bem legal, não apenas colocar as fotos cruas que tirei. Estou trabalhando nas fotos há semanas no programa da Adobe, chamado Lightroom, para ajustar intensidade, contraste, brilho, exposição e inúmeras coisas.

Além disso quero brincar com algumas fotos para deixá-las mais interessantes. Existe inúmeros efeitos que se pode aplicar nas fotos, os básicos do photoshop como aquarela, giz, grafite etc, mas tem algumas técnicas mais interessantes como Tilt-Shift, técnica de fotografia que torna as coisas em miniaturas. Pode se atingir o mesmo resultado usando lentes caríssimas em sua câmera, ou fazendo fazendo adaptações caseiras na câmera, ou ainda usando 4 cliques no Photoshop. Clique aqui para saber como fazer.
Veja como ficou:


Todas essas coisas de fotografia estou aprendendo com o mais novo fotografo de casa. Depois da aquisição de uma câmera DSLR, uma câmera de verdade com lentes e tudo mais, Bispo está aprendendo como tirar fotos, como ajusta-las etc, e eu vou pegando um pouco do básico.




                                       Minha preferida, parece maquete mesmo, não parece?

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Recuperada e de volta ao mundo

Sexta-feira, estou voltando para Gronigen para os bracos de meu amor! Talvez por isso estou me sentindo normal novamente! Pique total! Vamu que vamu trabalhar para publicar e conseguir um emprego no Brasil!
Sem se comparar a nínguem, traçar meu caminho...

Mil coisas para fazer, a terminar a começar.

Cadê os meu pontos?

Caminho no escuro. Encontra paredes frias e escorregadia ao meu redor. Frio, lodo. Olho para cima vejo uma luz, lá no alto. sei que preciso escalar, mas está muito liso, não tenho apoio. Encontro-me sozinha, não sei o que fazer, por onde começar.

Era assim que eu estava me sentindo ontem no final da tarde. Mas já passou, graças a Deus.

Conversando com Anamaria ontem a noite, ela disse que temos 10 pontos de prioridade para distribuir entre familia, amigos, trabalho e etc. Comecei a contar os meus, os meus 10 pontos não estão distribuidos: trabalho não tem nenhum, a princípio não estou no projeto que eu mais queria, familia e amigos estão longe, zero ponto tabém para essa categoria. Amor também não, talvez 2 pontos, apesar de estar longe, ainda consigo ter acesso a ele. Cade os outro 8?

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Moradia

Hoje de manhã eu entrei em desespero.
Estou ficando na casa da Guga em Utrecht, que fica 20 min do AMC de trem, sem contar o tempo de esperar ônibus, o tempo que ele leva até a estação.No total dá 1 hora e 10 minutos do lab até a casa.
A Guga me disse que poderia ficar lá quanto tempo eu quisesse. Ela mora em uma casa de estudante dentro do campus da Universidade de Utrecht. A casa/apartamento é super bom, novo, limpo, tem três quartos, cozinha e banheiro para dividir com mais 2 meninas (ah o chuveiro e toilette no mesmo lugar! geralmente as casas aqui tem o chuveiro separado, como na minha casa em Groningen). O quarto da guga tem um mesanino onde fica a cama e o guarda-roupa, embaixo tem uma sala e em um dos canto e no cant, na parede da porta, em frente a escarda par o mesanino, tem uma pia. Aqui é bem comum ter pias nos quartos, sei lá porque, mas é conviente. Na minha casa em 2008 havia também uma pia no meu quarto, além da pia da cozinha.

O quarto é bom, a Guga é super gente boa, mas o problema, além de ter que viajar, é que eu não tenho meu espaço, eu ficaria na sala. Coloquei meu colchão de ar (me sinto num acampamento quando durmo nesse colchão) em frente da televisão, minha mala virou meu guarda roupa e assim estou. Gostaria de um cantinho meu, onde eu possa colocar minhas coisas. A Guga ofereceu umas gavetas, mas não é a mesma coisa. E ainda acabo com o local de lazer dela, o espaço comum. Então hoje resolvi perguntar no Housing Office da Universidade, um escritório que ajuda os estudantes novos a encontrar moradia. O único lugar disponível custava 560 euros e só estaria livre a partir de maio. Fazendo as contas, 560 euros, mais comida, passagens para Groningen, ônibus, metro, seguro saúde, meu salário todo ia para sobrevivência, nenhum tostão sobraria para um sorvete sequer. Ai comecei a chorar literalmente. O que vou fazer? Queria ficar em Groningen, com meu amor, na nossa casinha, ir para universidade de bike, acordar meia hora antes de começar a trabalhar, simples assim. Mas agora trabalho na segunda maior cidade de Gronigen, achar casa para morar é super difícil, agora arrumar casa barata para alugar é quase impossível. Eu tenho que escolher ou moro longe, não tenho privacidade, e pago menos, ou moro perto do lab, pago caro e tenho meu canto. Ainda não decidi, não sei o que fazer. Vou tentar me acalmar e pensar melhor.


Na comunidade do Orkut, Brasileiros na Holanda tem um tópico sobre ofertas de casas e quartos para alugar, comecei a dar uma olhada lá e achei um quarto há algumas estações de metro da Universidade, por 450 euros, ainda caro. Mandei email para uma pessoa que se chamava Micha, que me fez um monte de perguntas antes de falar o preço do quarto, e ainda por cima pediu uma foto. Que relevância teria saber como eu sou para alugar um quarto para mim? Ou seja, furada. Continuei com os email, perguntei se a pessoa era homem ou mulher e advinha! Homen, e imbecil por sinal, pois no email que ele me respondeu disse que estava cobrando 400 euros, mas ele achava que estava muito caro para mim. Como o idiota poderia saber? Eu não falei quanto eu ganhava, apesar dele ter perguntado. A unica coisa que eu falei era que era brasileira. Simplesmente idiota. Enfim, moved on! consegui o contato de uma brasileira que mora com a familia, perto de estação central em Amsterdam, ela tem um quarto para alugar por 300 euros a partir de 1 de fevereiro. Vou lá dar uma olhada, gostei do preço e da localizacão, o unico problema, que na verdade não vejo problema, é que ela tem 3 crianças e o marido. Por enquanto estou na Guga até arrumar alguma coisa. Torçam por mim.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Meu novo emprego

Segunda-feira eu vim para Amsterdam para ficard e vez. Trouxe comigo uma mochila de roupas e uma mala de rodinhas com minhas coisas de laboratório.
Pela manhã, ainda em Groningen, enchi 3 caixas de isopor com gelo seco para colocar meus reagentes, frascos de células congeladas, anticorpos e outras coisas. Ficou pesadinha até, tinha que levar tudo até em casa, pegar minhas coisas, deixar a bike e ir para estação. Mas para ajugar, minha bike resolveu quebrar, o pedal soltou, e tive que levá-la para o conserto antes de ir para casa, empurrando-a e ainda por cima carregando as 3 caixas. Dezoito euros para arrumar, ja começou a dar problema. Comprei essa Oma fietse não faz 6 meses.


As pessoas lá em Gronigen não sabiam que eu estava me mudando, na verdade como elas poderiam saber se eu não converso com as pessoas lá? Só as pessoas mais próximas, como minha supervisora, Gwenny, e meus amigos do lab Kaushal e Rajesh sabiam. Também não gosto de falar da minha vida para aquelas pessoas, primeiro que eu já estava sendo paga pelo AMC (Amsterdam Medical Center) desde de setembro e ainda continuava em Groningen, tinha medo deles não gostarem e me expulsarem de lá. De qualquer forma, Gwenny continuava lá então não haveria problema se eu ficasse por lá. Até que enrolei bastante tempo, 4 meses!!


Bom, mas esse post é sobre meu novo emprego, então vamos lá. É tão estranho começar num lab novo, estranho não, é péssimo: não sei onde estão as coisas, as regras são diferentes, a divisão de trabalho, as pessoas, tudo é diferente. Não tenho credibilidade nenhuma, tenho que trabalhar para ganhar a confiança e o respeito das pessoas, mas vou te contar que eu não estou com saco. Aliás estou num desanimo total de começar um projeto novo, numa área que não é a que eu mais gosto, putz é foda esse começo.

Hoje eu entrei no meu escritório no AMC, onde divido com mais 20 pessoas mais ou menos, e ninguém falou OI, ou BOM DIA, ninguém olha na cara e se olha tem cara de bosta. Tudo bem que em Groningen não era muito diferente, mas sei lá, passar por isso de novo não é fácil.

Bom, mas vamos que vamos, quero terminar isso logo (nem comecei ainda) para poder voltar para minha terra querida.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Eu sou um desastre

Acho que eu não conheço ninguém mais atrapalhada que eu. Essa semana, voltando para universidade no final da tarde, pedalando sobre a neve, resolvi pegar os faróis da bike que estavam dentro da mochila. Até ai, tudo bem, mas eu quis fazer isso pedalando. Resultado: primeiro tombo do dia. Cai sobre a neve, ainda estava fofinha, portanto, nem machucou.
No final do dia, voltando para casa, meu telefone começa a tocar dentro da mochila. Pensei em parar no semáforo para depois atender, já que havia caído poucas horas antes, não queria cair de novo. E assim eu fiz. Parei no semáforo, atendi ao telefonema, na hora de sair, para ainda pegar o sinal verde, fui colocar o celular na mochila e ao mesmo tempo sair com a bike. Resultado: segundo tombo do dia.
 Mas dessa vez machucou. Bati o cóccix na sargeta, e a bike caiu por cima de mim. Estava doendo e não conseguia levantar por causa da bike sobre mim e da neve, que me fazia deslizar ao tentar levantar. Minha mão estava congelando, pois atendi o telefone sem as luvas e quando cai. Demorei alguns minutos para me recompor até que apareceu um casal para tentar me ajudar, mas felizmente, já tinha conseguido levantar.
No telefone era o Bispo pedindo para comprar ovos antes de voltar para casa. Subi na bike, a dor era imensa, não conseguia sentar, e a cada pedalada, a dor me pegava de jeito. Acabei comprando os ovos, mancando e segundo a dor. No dia seguinte, estava mancando, mal conseguia andar, pedalar então, era um desafio, sentar, dormir, deitar, qualquer coisa que eu fazia doia. Fui embora mais cedo para comprar um antinflamatório. Ainda hoje, quatro dias depois ainda doe, mas nada comparado ao dia do acidente.

Outra peripécia que aprontei foi ontem, depois do jantar. Fomos a um pub tomar cerveja. Estacionei a bike, tranquei. A chave caiu no chão, e sem querer,  eu a chutei, e ela foi em direção ao bueiro, e por alguns segundo, ficou pendurada nas frades antes de cair. E caiu. Chave da bike, de casa. Putz, foi foda.

Já estava disposta a ir para casa a pé e pegar a chave reserva. Saravanan, já um pouco bêbado, pegou um saco plástico, abriu o bueiro e enfiou a mão para tentar achar. Ele tirou de lá de dentro vários lixos, folhas secas e na terceira vez, escutamos o barulho de metal e lá estava, minhas chaves reluzentes como chaveiro vermelho da Grande Familia, de Barcelona.

Ah, na quinta-feira, quando nos encontramos para tomar uma cerveja (é eu sei que estamos bebendo demais!) quando saímos do Time Out, coloquei a mão no bolso do casaco para pegar minha a chave, e cadê? Chequei os 5 bolsos do casaco, procurei na mochila, voltei para o restaurante para procurar e nada. Última chance era estar na bike. E lá estava, toda bonitinha pendurada na corrente. Quando amarrei a bike, pensei em travar a roda, como de costume, mas como era quinta, havia muita gente na rua, pois as lojas ficam abertar até tarde, então achei mais seguro prender também com a corrente juntamente com a bike do Bispo. Se eu não fosse tão estúpida e não deixasse a chave lá, com certeza seria mais seguro. Por sorte, a bike ainda estava lá.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O trem para Berlin

Na estação em Amsterdam ninguém sabia de nada, pedíamos informações sobre nosso trem, e um dizia que sairia de Amsterdam Zuid (outra estação em Amsterdam), outro dizia que sairia da Central mesmo, mas tinha outros funcionários que dizia que os trens estavam cancelados. Ou seja, ninguém sabia de nada, e ficava inventando coisas. Por isso resolvemos chegar com antecedência na estação para nos certificar de onde o trem realmente partiria.

Felizmente era de Amsterdam Central que o trem partiria, e 20 minutos antes do horário marcado, saberíamos qual a plataforma. Era a plataforma 13 e fomos nós com nossas malas. No letreiro da plataforma não havia nenhuma menção a Berlin. Destino final Moscow. Passava por Cracóvia, Varsóvia e algumas cidades da Rússia. Putz. e Agora?

Esperamos o trem chegar para chegar. O minhocão gigante chegou. O trem era imenso. Nosso vagão era de número trinta e pouco, e onde estavamos esperando o trem, o vagão era número 80. Fomos em direção ao vagão. Andamos um bocado. Estávamos divididos 4 pessoas em cada cabine. A cabine era composta por 6 camas, 3 de cada lado, cada uma tinha um cobertor e um travesseiro. Era confortável, mas com o tanto de malas que tínhamos, ficou super apertado. Mamãe, Silvana e meus irmãos ficaram em uma cabine e eu, o Bispo, a Marina e a Lais, ficamos em outra.

Nossa reveleção do amigo secreto estava marcada para ser nesse trem, pois era véspera de Natal. Estava tão apertado, mal cabia a gente, imagina os outros 4 integrantes! E ainda para ajudar chegou um casal para a nossa cabine.

Mesmo assim demos um jeito, comemos nossas saladas, sem talheres, nossas batatinhas e começamos nossa revelação. Uns ficaram no corredor mesmo, outros se apertaram para entrar na cabine! Foi divertido. Cada pessoa tinha que descrever a pessoa que ela tirou como amigo secreto. O sorteio a gente fez pela internet, no site amigosecreto.com, uma ótima opcão para tirar o amigo secreto sem as pessoas se encontrarem e evitar tirar você mesmo.

Eu tirei minha mãe. Como foi difícil encontrar um presente para ele. Acabei comprando um reloginho que dá para trocar as pulseiras, comprei uma pulseira chadrez vermelho, a cor preferida dela, e uma pulseira jeans. Aparentemente ela gostou! O Bispo deu um cachecol do Ajax, time de Amsterdam, para o Renan, e um boné do mesmo time para o Adriano. Ele havia dito que tinha tirado o Adriano, deu presente e tudo, mas de repente a Lais fala assim: "Gente, peraí, acho que teve algum problema, pois fui eu quem tirei o Adriano". Caímos na gargalhadas! Hahahahahah Ai o Bispo que tinha tirado o Renan! Foi divertido. O Adriano deu um porquinho cofre cor-de-rosa para Marina, A Marina deu uma camiseta de manga comprida para o Bispo. Eu ganhei da Silvana um creme do Boticário, que alías me salvou na viagem, pois minhas costas doia muito de tanto andar e o Bispo fazia massagem com esse creme em mim! Continuando com os presentes, o Renan deu um pijama de frio para Silvana e a Laís ganhou da minha mae um jogo de computador. Que por sinal ela esqueceu no trem. Eta menina cabeça de vento! Pior que eu!

As 4 da manhã fomos acordados pela mulherzinha do trem, pois nosso destinho estava chegando!















 Nossa cabine no trem.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Frio Europeu

Esse inverno está fazendo frio por essas bandas. Temperaturas abaixo de zero todos os dias. Neve, nevasca, chuva. Menos sol, poucas horas de luz. Branco, tudo branco. Não usamos tantas roupas, apenas um sueter por baixo de um casaco bom, uma calça termina e uma jeans por cima. Claro, touca, luvas (se não os dedos caem) e cachecol (peça muito importante para evitar que o frio entre pelo pescoço)).

No entanto não sinto tanto frio como no inverno do Brasil de 10 graus positivos.
Como discutimos muitas vezes, as roupas aqui são mais apropriadas e as casas tem aqueciemento, ou seja, nosso corpo não precisa se preocupar em se esquentar quando está em um lugar fechado, nem quando vai dormir. No Brasil, a gente passa 24 horas com frio, dorme com um monte de cobertor, fica dentro de casao com um monte de roupa, vai tomar banho no banheiro gelado. Aqui só sentimos frio no caminho de casa ao trabalho, ou quando estamos na feira, na rua fazendo compras.

Somos um país tropical, estamos preparados para o calor, mas para o frio, deixamos a desejar.

veja algumas fotinhos clicando no álbum abaixo:

Inverno 2009

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Saga para Amsterdam

Só de pensar que tinha que voltar para Amsterdam para pegar o trem para Berlin, já dava preguiça. Se tivesse que trocar de trem um milhao de vezes e demorar 6 horas para chegar lá ia ser um saco. Mas fazer o que, a viagem inteirinha estava programada, se nao fossemos para Berlin no dia 24 de janeiro, perderíamos a reserva do hostel, chance de perder o voo para Veneza, ou seja, efeito bola de neve, literalmente heheheh.

Lá fomos nós para amsterdam. Estava indo tudo bem no trem, até chegar em Zwolle, lá tivemos que trocar de trem e a bagunça começou, acabamos indo para Utrecht, mas não foi tão ruim quanto imaginávamos. No trem até Zwolle, eu fiquei perto de uma porta com as malas, e o Bispo em outra porta com a outra metade das malas. Eu estava tranquila, apreciando a paisagem embranquecida, e morrendo de frio a cada vez que o trem parava e abria a porta para novos passageiros entrarem. Para não ficar sozinha, fui lá visitar o bispo no outro vagão. O papo corria solto entre ele e um tiozinho super figura. O tio tinha uns 60 anos de idade, cabeça com poucos fios de cabelos, coberta com um gorro listrado. Ele carregava consigo um mochila, daquelas de viagens. Figurassa.

O tiozinho contava muitas coisas interessantes sobre a Holanda. Ele disse que a neve protegia o pasto, pois se naão tivesse a camada de neve fofinha por cima, a grama ficaria queimada pelo frio e não estaria boa para os animais, por isso que víamos pelo caminho as ovelhas cavando na neve para comer capim. Ele explicou também porque o sistema de trens na Holanda entrou em colapso com a neve (acho que eu já expliquei em algum post anterior).

Descemos em Zwolle, fomos para Utrecht, e o tiozinho nos acompanhando, contando suas histórias. A filha dele já tinha ido para o Brasil, viajou pelo amazônia, nordeste e quando voltou para Holanda, trouxe um gato selvagem. Foi o maior trabalho trazer o gato, por causa de doenças, legislação, mil burocracias, chegando aqui, gato que não estava acostumado com carros, trânsitos, foi atropelado.

Também falou que vai ter eleições para prefeito de Groningen e que até os estrangeiros poderão votar, pois eles (nós) fazemos parte da sociedade. E assim o assunto foi direcionado para política. Em um dos trens, que já não me lembro mais qual, ele começou a contar de um ministro, ou sei-lá-o-que, que era extremista, que queria cobrar impostos de mulçumanas que usavam véu na cabeça, por ser uma poluição visual no país. Essa hora já estava com o pensamento longe, não acompanhando mais a conversa, quando de repente, um cara do nada vira para o Bispo e fala assim: "don't believe in what he's saying, it's bullshit". Tudo que o tiozinho estava dizendo era tudo besteira, não era para acreditar nele, pois esse cara, que eu não sei o que ele é, é comparado com Hitler por uns, mas para outros é o salvador, que a história tem dois lados e tal. E a discussão começou. O trem lotado, duas mulçumanas acompanhando a conversa, o tiozinho e o cara discutindo. Bispo com sorrizinho amarelo eu morrendo de medo de uma briga corporal. Mas estávamos na Holanda, tudo ocorreu bem, sem maiores danos. Achei muito legal a discussão política de desconhecidos no meio de um trem lotado.

Conseguimos chegar em Amsterdam até as 13 hs do dia 24 de dezembro. Mas não era apenas chegar em Amsterdam. Nosso trem para Berlin era as 19 h, o plano era deixar as malas na estação e sair para passear pela cidade até o horário do trem. Ah, além disso, tínhamos que arrumar um lugar para deixar as malas que iriam voltar para o Brasil e não iria nos acompanhar na viagem.
Abrindo um parênteses, a Silvana, conseguiu encher duas malas de porte médio só com coisas para levar para o Brasil. Claro que tinha coisas que o Bispo queria mandar para guardar lá, como livros, roupas, e presentes que ele comprou para amigos e familiares no decorrer do ano, mas com certeza, boa parte do espaço foi preenchido com lembrancinhas para todo mundo do Brasil. Minha mãe não fugiu a essa regra. Ela conseguiu encher uma mala minha enorme, que comprei nos EUA, pois no Brasil não se vende mala tão grande por causa do peso (olha que eu procurei heheh). Chocolates, presentes, muitos presentes, e algumas coisas minhas também, mas não muito.
Não foi fácil carregar essas malas pelos trens na Holanda, subir e descer escadas. Mas chegamos na estação. Aquele tiozinho nos ajudou a procurar um locker que coubesse as malas, foi negociar com o carinha que toma conta dos lockers, foi ver o locker para bikes que fica do lado de fora da estação, mas tem horário para fechar, também foi até a loja da filha dele para ver se poderia guardar as malas lá, o problema que o lugar não era fechado, ai não dava. O que nos restou foi deixar as malas na casa da Karla. Era a última opção, pois além de não querer dar trabalho para ela, tínhamos que pegar ônibus para chegar até lá. Mas enfim, não nos restou alternativa. Mas eu não queria ir com todo mundo, pois ia demorar a tarde inteira. Pedi para o Bispo ficar com as mulheres no centro de Amsterdam, que eu iria com os meninos levar as malas. Nossa, que tranquilidade, precisava desse break, não estava acostumado com tanta gente perto de mim, aqui somos eu e o Bispo, mais ninguém. Comemos um lanche no Albert Heijn, pegamos o onibus tranquilamente, deixamos as coisas lá na Karla, voltamos, passeamos um pouco pelo Red Light, vimos algumas lojinhas de souvinirs e depois liguei para o Bispo para nos encontrarmos. Enquanto isso, ele disse que não conseguiu se mover, pois a cada passo, as meninas entravam nas lojinhas e paravam para comprar coisas. Mal conseguiram se afastar 500 m da estação central. Não entra na minha cabeça como comprar lembrancinhas de uma cidade que ainda nem conheci? Era o caso delas, queriam comprar mil coisas, mas ainda nem tinham visto a cidade. Enfim, nos encontramos no Dam, passeamos pelas ruazinhas em Amsterdam, chegamos ao Redlight, tomamos um café e logo voltamos para a estação para esperar nosso trem para Berlin, com a dúvida que martelava na cabeça "será que o trem vai partir?", "Será que chegaremos em Berlin?".
O trem para Berlin dá outro post. Agora vou dormir.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Groningen: segundo dia

Todos ainda estavam dormindo, então decidimos sair para passear só as duas, eu e mamãe. Andamos pelas calçadas cobertas de neve em direçao a cidade. Passeamos pela ponte que acabaram de trazer de volta (sem brincadeira, os caras tiraram a ponte giratória para arrumar em julho de 2009 e só voltou dia final de dezembro). Passamos pela feira no Vismarket, barracas de azeitonas, barracas de frutas, de peixes, de verduras, de queijos, uma mistura de cores e odores.
Levei minha mae para conhecer minhas lojas favoritas, WE, SPS, Mando, Blokker, H&M e HEMA, onde por fim almoçamos.

Enquanto isso em casa, a saga para tirar todo mundo de casa começa. Um dorme mais que o outro, o outro resolve tomar banho, quando todo mundo está pronto, outro resolve secar cabelo e assim vai. Sempre alguém esquece alguma coisa e volta para buscar.

Regra numero um de quando se viaja em grupo: nunca deixe ninguém te esperando. Se todos seguirem essa regra, ninguém espera ninguém e as coisas agilizam.

Ma eu estava tranquila, tomando minha sopinha na HEMA com minha mamae.

Mas o meu dia de nervoso ainda estava por vir.

Fomos passear pela cidade com todos juntos. Não foi fácil andar com as ruas cheias de neve, com 8 pessoas, terça feira, em Groningen, quando todo mundo resolve fazer compras e você é a pessoa que está no comando. Não sabia onde leva-los, o que fazer. Claro que tinha o centrinho de Groningen para conhecer, mas também tinha o parque, se demorar muito no centro, anoitece e não dá para ir no parque, mas também, se fizermos o contrario, as lojas fecham as 18 h. Bom escolhemos ficar no centro. E depois fomos na Universidade de Groningen.

Apresentei minha mae, meus irmaos, a Marina e a Lais para o pessoal do Lab, Lu, Monireh, Rajesh e Gwenny! Enquanto eu fazia minha reserva do voo para India com a Gwenny, eles ficaram ali no corredor só descansando para a nova saga de andanças.

Eh, comprei minha passagem para India, dia 6 de março to ido para Dubai e de lá para Chennai no sul da India. Só quero ver com esse eu estômago, vou morrer na India com tanta pimenta, mas também, vou me curar nas lojas de pratas! hahhahaha pensou que eu iria falar do rio Ganges, que Ganges que nada, eu quero brincos, colares e anéis de prata!! hehhehehe

Bom, depois da universidade, seguimos para Saturno, comprar o ipod do Adriano, e claro, passear por aquela loja imensa de eletrônicos.

Mortos e com fome, eu queria ir no Indiano, Kleine Mogul para jantar, mas estava do outro lado da cidade. Ai, no meio do caminho lembrei o Friet van Piet, o Ponto Um de Groningen, comida barata e de qualidade. Sabe do que eles mais gostaram? Do-lê uma, do-le duas, do-lê três! Stampot! Purê de batatas com repolho, meio azedinho! Comida típica holandesa. Quem diria. Cada um com seu gosto. A torta de maça que eu adoro, a melhor da minha vida, eles não gostaram. Acho que só vou sugerir as coisas que eu não gosto, tem mais chance de acertar!

Primeiro dia em Groningen

Groningen estava branquinha de neve. Cinco graus negativos. Nevava.
Apos deixar as malas em casa fomos jantar no kebab. No caminho comecou a nevar, nossos brasileiros estavam se divertindo com os floquinhos caindo do céu. A neve eh linda mesmo, eu acho muito incrível ver aqueles floquinhos branquinhos e levinhos caindo do céu e acumulando sobre os galhos das árvores, ja sem folhas, sobre as bicicletas, e deixano as ruas todas branquinhas. O barulho ao pisar sobre a neve é delicioso, não há como explicar. Mas tinhamos que prestar muita atenção nos passos para não escorregar.
Jantamos Kebab, muita comida. Nosso amigo do Kebab ficou feliz que levamos a família inteira lá e até nos deu 2 cocas!
Estavamos muito cansados, depois de vários trens e varias horas para chegar em Groningen, o que todos queriam era uma bela noite de descanso. Mas os meninos ainda sairam para conhecer a pequena e bela Groningen.
Eu, naquele frio, fui para casa dormir!

Na manha seguinte acordei e mamãe estava acordada na cozinha de casa, como lá em Campinas, Pegando as coisas para fazer café dei aquele abraço de bom dia e começamos a fazer café da manha!

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